O dia 30 de novembro foi de comemoração pela primeira comunhão (ato católico chamado também de “primeira eucaristia”) de um familiar. O dentista Ney Eduardo Vieira Martins, 64, veio de São Lourenço, no Sul de Minas, com a mulher para o bairro Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte, onde tem um apartamento.

"Bebemos das 13h até umas 19h a cerveja Belorizontina", contou a companheira de Martins, Taciana Maciel, 42. 

A bebida havia sido comprada em um supermercado do bairro. Quatro dias depois, Martins já apresentava os sintomas da doença misteriosa, chamada pelas autoridades de “síndrome nefroneural” por causar insuficiência renal e alterações neurológicas.

"Ele começou a ter enjoo e até se desidratou. Fomos para o hospital no dia 11 (de dezembro), e, no dia 13, ele foi para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva)", relatou Taciana. 

O nefrologista constatou que os rins de Martins não estavam funcionando – um dos sintomas presentes em todos os oito pacientes diagnosticados com a síndrome, que já matou uma pessoa. “Ele ficou muito ruim. Achei que fosse morrer. Foram cinco dias na UTI”, completou.

Atualmente, Martins está em casa, de repouso, mas ainda faz acompanhamento e precisa fazer hemodiálise dia sim, dia não. O desespero da família do dentista aumentou com a divulgação da morte de Paschoal Demartini Filho, 55, na última terça-feira. O aposentado viajou de Ubá, na Zona da Mata, para passar o Natal com a filha, também no bairro Buritis, na capital. No dia 26, ele começou a sentir os sintomas. 

O genro de Demartini Filho, Luiz Felippe Teles Ribeiro, 37, também está internado com os sintomas. “A família está arrasada. Ninguém esperava um desfecho desses. Os médicos ainda não sabem o que aconteceu. Estamos esperando mais informações”, contou o primo da vítima, Marcos Demartini.

Todas as oito pessoas hospitalizadas com a síndrome beberam a cerveja Belorizontina, que teria sido adulterada com produto químico.