Homenagem

Dia do Motorista: As dores e os amores de quem fica atrás do volante

Na data especial, profissionais da área contam sobre suas histórias; falta de cordialidade dos passageiros e preconceito contra mulher são desafios

Por Carolina Caetano
Publicado em 24 de julho de 2020 | 20:03
 
 
Ivina sai de casa de madrugada, volta para fazer almoço, retorna ao serviço e ainda cuida do neto Foto: Cristiane Mattos

Antes de o dia clarear, lá está ele, a postos, com um cordial bom-dia. Motorista de ônibus desde 2008, Alexandre Alves, 36, tira do volante quase tudo que tem: além de receber o dinheiro para sustentar os filhos, de 4 e 12 anos, foi no trabalho que ele fez uma parte dos amigos e até conheceu a mulher, entre um ponto e outro.

E os padrinhos do casório foram passageiros. “O passageiro está ali todos os dias. A gente vê mais que alguns familiares”, brincou Alves. 

Para celebrar a data de hoje, que é o Dia do Motorista, O TEMPO acompanhou uma parte do trabalho dele e de outra condutora Ivina de Paula Souza, 38, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, que também tem muita história para contar. Algumas não tão boas.

“Ainda tem gente que acha a profissão masculina. Quando a gente passa, os olhares são diferentes ao ver uma mulher no volante”, diz a motorista. 

Mas isso não é nada para quem acorda de madrugada para trabalhar, volta para casa, faz almoço, cuida do filho de 8 anos, retorna para a empresa e, à noite, ainda curte a neta de 5 meses e espera a chegada de outro neto.

Um dos principais desafios da profissão, segundo Alexandre Alves, é o estresse no trânsito. “Há muita imprudência, você vê muita coisa no trânsito e precisa ter uma boa direção defensiva”, conta.

Além disso, a falta de cordialidade de algumas pessoas pesa. “Pode acontecer de um passageiro acordar mal-humorado e querer descontar na gente”, conta o motorista.

Empresas redobram cuidados a bordo

Desde março, quando foi iniciado o isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus, empresas de ônibus precisaram se adequar para evitar aglomerações dentro dos coletivos. Motoristas usam álcool em gel o tempo todo.

“Tenho filho pequeno em casa e mexo muito com dinheiro. O risco é grande. Já teve passageiro que não quis colocar a máscara. Temos fiscalização, e o passageiro não pode entrar sem o uso da máscara”, disse a motorista Ivina Souza.

Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram), desde o dia 8 de junho, já foram realizados 2.198 testes para diagnóstico da Covid-19 nos motoristas em Minas, com 97% de resultados negativos.

Entre as medidas preventivas, os ônibus estão sendo lavados interna e externamente duas vezes ao dia, e os motoristas com mais de 60 anos, em grupo de risco ou com sintomas de Covid-19, estão proibidos de operar nos veículos.

Veja o vídeo: