O presidente da Confederação Nacional dos Bispos (CNBB) e arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, classificou o rompimento da barragem da mina de Córrego de Feijão, em Brumadinho, em janeiro deste ano, como uma “tragédia-crime” e afirmou que "precisamos de gente mais lúcida do que as que estão aí".

As declarações foram dadas nesta quinta-feira (15) durante cerimônia pela Assunção de Nossa Senhora, na capital. A celebração marcou ainda a abertura da 6ª Assembleia do Povo de Deus, quando a Igreja Católica define suas diretrizes para os próximos quatro anos. 

O evento ocorreu no canteiro de obras da Catedral Cristo Rei, onde centenas de fiéis se reuniram para uma celebração dupla: além da virada das diretrizes, a Igreja comemorou o dia  padroeira de Belo Horizonte, Nossa Senhora da Boa Viagem, na primeira vez que as duas datas se encontraram. Depois disso, fiéis seguiram em carreata até a Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem. 

Em breve conversa com jornalistas antes do início da celebração, Dom Walmor afirmou que todos os segmentos da sociedade, “dentro ou fora da igreja”, serão “desafiados a dialogar” com a instituição. Apesar disso, o arcebispo declarou que os alicerces da atuação católica ainda se mantém: “compromisso com os pobres, à luz do evangelho”. 

Na prática, afirma o sacerdote, a discussão acerca das ações da Igreja será pautada por um instrumento de trabalho votado pela CNBB em maio deste ano. Contudo, ele não revelou quais bases de diálogo foram definidas. Na última Assembleia, em 2015, a atuação da Igreja foi focada em comunidades carentes. 

Questionado sobre o papel da religião na cultura urbana e no mundo contemporâneo, Dom Walmor afirmou que há “muita relativização de valores e perda de sentido” e que a Igreja não pode se fechar. “Precisamos de um entendimento diferente no mundo da política, um novo conceito antropológico à luz do evangelho”, afirma. 

Ainda, Dom Walmor, que classificou o rompimento da Barragem em Brumadinho como “tragédia-crime”, disse que o clima político e econômico “favorece a grupos e pessoas em desfavor da população” e defendeu o desenvolvimento sustentável. “Há um longo caminho a percorrer, para que superemos interesses de hegemonia e a idolatria do dinheiro”, concluiu.