Folia

Em 2022, Carnaval de BH deve ser menor por falta de recursos

Setor prevê um folia reduzida, aos moldes do que a cidade viveu antes do ‘boom’ dos blocos e, tendência é de ‘erupção’ de eventos fechados, com maior controle dos foliões

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 18 de outubro de 2021 | 03:00
 
 
O grupo Bartucada reiniciou seus ensaios e oficinas de música duas vezes por semana, seguindo todos os protocolos Foto: Fred Magno

Belo Horizonte terá Carnaval em 2022? A questão na mente de foliões, blocos de Carnaval, escolas de samba e da própria prefeitura da capital ainda não tem uma resposta definitiva, embora boa parte do setor carnavalesco aposte na realização do evento. Enquanto isso, grupos iniciam ensaios para a folia, e os preparativos começam. 

Ao mesmo tempo, depois de quase dois anos de aperto financeiro e com pouco tempo para se prepararem para uma festa em fevereiro ou março do ano que vem, o setor prevê um Carnaval reduzido, aos moldes do que a cidade vivia antes da ascensão de seus blocos mais famosos e da reunião de milhões de foliões todos os anos.

“Temos que pensar em um alto nível de imunização das pessoas para haver Carnaval, porque barreiras ao redor de blocos não vão funcionar na prática. Quando falamos em Carnaval de rua, não tem como controlar e ter ilusão de que as pessoas não vão ficar juntas, beijar, cantar”, avalia o representante da Associação dos Blocos de Rua de Belo Horizonte (Abra-BH), que reúne 34 blocos, Ney Mourão.

Ele projeta um Carnaval diferente, “semelhante ao de oito anos atrás, com menor apoio do poder público”. “A esta altura, meu bloco, o Tamborins Tantãs, já teria quatro ensaios, mas não teve nenhum. Teremos a volta plena do Carnaval de BH em 2023”, espera. 
Mourão pontua, ainda, que será necessário que as cidades ao redor da capital mineira tenham atingido bons níveis de controle da pandemia, já que BH atrai foliões de todo o Estado.

Na perspectiva da associação e de outros participantes, 2022 será um Carnaval marcado por blocos menores, sem reunião de centenas de milhares de pessoas em um único local, e com erupção de eventos fechados, em que o controle de entrada seja mais fácil. Em 2020, a festa reuniu quase 4,5 milhões de pessoas e 347 blocos, de acordo com dados da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur). 

Ensaio de recomeço

Neste mês, o grupo Bartucada, um dos mais tradicionais do Carnaval mineiro, reiniciou seus ensaios e oficinas de música duas vezes por semana, com obrigatoriedade do uso de máscara e vacinação. Em 2020, ele levou até 400 mil foliões às ruas de BH, segundo os organizadores. Por ora, o grupo não sabe se será possível subir no trio elétrico em 2022, mas já se prepara, ao menos, para eventos fechados – por enquanto, ele assinou contrato para um show no Triângulo Mineiro na sexta-feira de Carnaval.

“Sabemos que não vamos ficar parados, mesmo que toquemos apenas em locais com acesso mais controlado, ainda mais que no ano que vem completamos 50 anos. Minha opinião é que, se BH estiver com a pandemia controlada, não tem por que impedir a realização de um Carnaval”, diz o diretor de comunicação de marketing do grupo, Henrique Fabrino. 

Por ora, diferentemente das prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro, por exemplo, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) não declarou oficialmente se permitirá a realização da festa. 
“A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informa que ainda não é possível prever a situação epidemiológica para fevereiro de 2022, pois há expectativa de uma maior demanda dos serviços de saúde em função da cepa delta. O que se pode afirmar, a princípio, é que, se o Carnaval fosse hoje, não seria possível a realização desse evento na cidade”, explica por meio de nota.