A Polícia Civil de Minas (PCMG) realizou operação nesta quinta-feira, 20, que investiga uma possível organização criminosa suspeita de sonegação fiscal e de falsidade ideológica. As investigações apontam que o Parque Aquático River Park, em Santa Bárbara, na região Central de Minas, é usado para lavagem de dinheiro.
O parque aquático foi um dos nove locais onde a ação policial aconteceu. As investigações começaram em 2018, por iniciativa da própria PCMG, após boatos sobre o possível envolvimento do centro de lazer em esquema criminoso. “Foi por iniciativa própria da Polícia Civil, apesar de que havia denúncias no município (Santa Bárbara), mas não formalizadas”, informou um dos policiais envolvidos na ação.
As diligências tiveram colaboração da Polícia Civil de São Paulo e do Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI), já que o esquema envolve movimentações financeiras no país estrangeiro. Também foi feito rastreamento de movimentações financeiras e quebra de sigilo telefônico, segundo informações da PCMG.
De acordo com o delegado chefe da Divisão Especializada de Combate à Corrupção e Investigação de Fraudes de Belo Horizonte, Domiciano Monteiro, o valor que é investigado gira em torno de R$ 100 milhões. “O esquema criminoso está ligado à movimentação de recursos com participação de laranjas e de empresas de fachada”, disse.
Mandados de busca e apreensão
Na região Central de Minas foram cumpridos cinco mandados, sendo um em Santa Bárbara (no Parque Aquático) e quatro em Barão de Cocais. Na cidade, a ação aconteceu também na casa de um dos sócios do clube, conforme informou o delegado.
Em Belo Horizonte foi cumprido um mandado de busca, e outros três aconteceram em Garças, interior de São Paulo. Em todos os locais foram apreendidos celulares, documentos, computadores, notebooks e máquinas de cartão, conforme informou a PC.
Durante entrevista coletiva, na tarde da quinta-feira, 20, o delegado informou como estava o andamento da operação. “Até o momento já ouvimos seis pessoas (uma em BH, duas em Barão de Cocais e três em Garças). Algumas dessas pessoas confirmaram que venderam seus dados para movimentação dessas empresas. Isso teria sido feito para dissimular a origem do dinheiro e várias empresas não possuem sequer empregados”, explicou Damiano.
Entre os interrogados estão sócios do parque aquático e de empresas usadas para o esquema de sonegação. “Há oitivas em que sócios dizem que venderam seus nomes para que movimentações com dezenas de milhões de reais fossem realizadas”, expôs o delegado.
Transações nos Estados Unidos
Dois dos envolvidos no esquema que não tiveram nome divulgado pela PC já moraram nos Estados Unidos, e aconteceram movimentações financeiras suspeitas envolvendo essas pessoas. Por isso, foi necessário o envolvimento do FBI nas investigações, conforme explica o policial.
“Quanto à colaboração do FBI, a instituição nos auxiliou com informação de envolvidos no exterior. Verificamos movimentações como aquisição e venda de imóveis em Miami de dois investigados. Informações de origem e destino de recursos no estrangeiro também foram alvo da operação”, detalha Damiano.
Investigações continuam
De acordo com a PCMG, até o momento nenhuma pessoa foi presa. As investigações continuam, e os crimes constatados são de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e sonegação fiscal.
“Há envolvidos de todo país, e os recursos são movimentados em vários Estados. São mais de 50 pessoas envolvidas, mas estamos preocupados neste primeiro momento com as que possuem maior envolvimento com o parque aquático”, explicou Damiano.
A reportagem tentou contato com os proprietário do Parque Aquático River Park, mas as ligações não foram atendidas.