Pampulha

Estiagem reduz água de lagoa 

Nível do reservatório baixou 10 cm, segundo a regional; problema piorou mau cheiro no local

Por joana suarez
Publicado em 15 de outubro de 2014 | 03:00
 
 
Seca. Régua de medição localizada na lagoa da Pampulha mostra que nível da água está baixo; algas tomam conta do espelho-d’água FERNANDA CARVALHO / O TEMPO

O calor e a estiagem intensos já afetaram um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte. Pela primeira vez, a quantidade de água que evaporou da lagoa da Pampulha foi maior do que a que chega por meio dos oito córregos que deságuam no lago. Com isso, o nível do reservatório baixou cerca de 10 cm, segundo a Regional Pampulha. Outro prejuízo é a piora no mau cheiro que vem da lagoa, que tem origem na decomposição das algas no fundo do reservatório.


Quem caminhou pela orla nesta terça, além de sofrer com o calor recorde de 36º C registrados na região da Pampulha, pôde sentir o cheiro forte e perceber que o nível da água estava mais baixo.

“Venho aqui todos os dias para tirar fotos e relaxar, nunca a vi tão seca e fedendo tanto. É nosso maior ponto turístico, temos que preservá-lo”, contou Maria das Graças Machado, 37, que trabalha num banco em frente à lagoa.

A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) confirmou nesta terça, por meio de nota, que “o nível da água está baixo em função do longo período de estiagem e da evaporação resultante do calor intenso”.

De acordo com o gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Weber Coutinho, esse fenômeno (evaporação da água) nunca foi registrado na lagoa, mas, como ela não é usada para o abastecimento, o único prejuízo é a intensificação do mau cheiro.

“Nunca vimos a lagoa abaixo do nível pelo processo de evaporação. Só um longo período de seca como o deste ano faria com que a quantidade de água evaporada fosse maior que a que entra dos córregos, que corresponde a 1 m³ por segundo”, destacou o gerente. Segundo ele, normalmente o nível só baixa quando as comportas são abertas, próximo do início do período chuvoso, para evitar inundações. A manobra ainda não ocorreu, conforme a regional.

Decomposição. Com a evaporação da água, a matéria orgânica localizada nas áreas mais rasas se decompõe no solo da lagoa, liberando gases e provocando mau cheiro, como explica Coutinho.
Ele diz que a situação só melhorará quando a limpeza da lagoa for concluída e o nível da água voltar ao normal. “Por outro lado, a evaporação ajuda a umidificar a região nesse período”.

O secretário da Regional Pampulha, Humberto Abreu, afirmou que há 31 anos a cidade não passa por uma estiagem tão forte.

Consciência
Sinal
. Especialistas afirmam que a redução na água deve servir de alerta para a população. “Se atingiu a lagoa, nossas represas devem estar com a evaporação alta”, disse Weber Coutinho.

Saiba mais
Capivaras.
As primeiras amostras de carrapatos já foram recolhidas das 17 capivaras capturadas na orla da lagoa da Pampulha neste mês. As amostras foram encaminhadas para exames, mas ainda não há um resultado.

Capturas. Ainda nesta semana, devem ser feitas novas capturas de capivaras no local. Por enquanto, está ocorrendo a ceva – distribuição de alimentos em um ponto da orla para que os animais se concentrem lá, facilitando a captura. Deve chegar a 88 o número de bichos capturados. Ao todo, estima-se que existam 250.

Febre maculosa. O principal motivo da retirada dos animais é a possibilidade de transmissão da febre maculosa. A discussão sobre o assunto ganhou força em fevereiro, quando um jovem morreu da doença.