“Quando tomei o tiro já vi que tinha ficado cego”. A frase emocionada é do estudante mineiro da Universidade Federal de São João Del-Rei, no Campo das Vertentes, de 18 anos que ficou ferido na manifestação contra o presidente Michel Temer (PMDB) realizada na última quarta-feira (24). O estudante de história, que preferiu não ter o nome revelado, levou um tiro de borracha no olho esquerdo.
“Estava na manifestação aí os policiais começaram a atirar bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Enquanto fugia do gás fui atingido no olho por uma bala de borracha, que cegou meu olho esquerdo e arrancou um pedaço de minha pálpebra. Tive que dar vários pontos”, conta o jovem.
Segundo ele, logo depois de ser atingido ele correu até os bombeiros e foi socorrido para o hospital da base, onde fizeram os pontos na pálpebra dele. “Eu to cego do olho esquerdo e com risco de até perder meu olho”, lamenta o estudante.
Ele também perdeu uma parte da pálpebra. Os médicos disseram que ele pode recuperar parte da visão, mas precisam fazer mais exames. Segundo o estudante os tiros começaram assim que os manifestantes se aproximaram da Esplanada. “Fizeram um cordão de isolamento e quando chegamos no local fomos recebidos já com muitas bombas e tiros. Já estavam nos esperando”, relata.
O jovem já está na casa dos pais em Belo Oriente, no Vale do Aço. Segundo ele os pais ficaram muito tristes ao saber do ocorrido, mas o estudante, mesmo com o ferimento, tentou tranquilizá-los. “Me tiraram apenas um olho seguirei na luta até o fim”, diz. O jovem vai continuar o tratamento em Minas.
Um outro mineiro ferido, um aposentado de 61 anos levou um tiro de arma letal no maxilar e está em estado grave.
Quatro feridos continuam internados
Segundo informações da Agência Estado, ao menos quatro pessoas feridas durante os protestos continuam internadas em hospitais da rede pública da capital federal. Todas em estado considerado estável, segundo a Secretaria de Saúde.
Vitor Rodrigues Fregulia, o estudante de 21 anos que teve parte da mão dilacerada por uma explosão de rojão passou por procedimento cirúrgico e já respira sem a necessidade de aparelhos, sem previsão de receber alta hospitalar.
Os nomes das outras três pessoas ainda não foram confirmados. Um paciente, que sofreu ferimentos no maxilar, respira com a ajuda de aparelhos e está internado no Centro de Trauma do Hospital de Base, sob cuidados intensivos e sedado. Os outros dois pacientes, respiram espontaneamente, mas continuam internados no Centro de Trauma, onde a evolução dos quadros clínicos segue sendo avaliadas.
Das 45 pessoas atingidas, 35 pessoas tiveram que ser encaminhadas ao Hospital de Base e dez para o Hospital Regional da Asa Norte – sendo que 31 delas receberam atendimento e foram liberadas em seguida.
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