Cem dias após a tragédia da Vale em Brumadinho, na região metropolitana, os trabalhos do Instituto Médico-Legal (IML) para identificar as 35 vítimas ainda consideradas desaparecidas estão cada vez mais desafiadores. Permanecem sem solução, segundo a Polícia Civil, 189 fragmentos, alguns deles recolhidos no primeiro dia de buscas. Os métodos usados para tentar contornar as dificuldades na análise desse material, que está em estado avançado de decomposição, vão de exames de digitais e de arcada dentária, além do tradicional DNA. Detalhes informados por parentes também são analisados.
Todas as famílias tiveram materiais genéticos colhidos, já que o DNA é o método que oferece as maiores chances de identificação. Ainda assim há dificuldades: em duas semanas, por exemplo, o resultado foi positivo para apenas quatro dos 40 exames de DNA feitos em corpos. Segundo a corporação, os 189 fragmentos foram examinados e vão passar por novos exames.
“É um período complexo, pelo grau de força da tragédia e pela fragmentação dos corpos. É difícil, porque a célula geralmente está morta e decomposta. A gente compartilha a dor (dos parentes das vítimas). O tempo trabalha contra (a identificação), mas estamos lutando”, disse o chefe da seção de tanatologia forense do IML, Ricardo Moreira Araújo.
Investigações. A investigação dos peritos incluiu fotos de uniformes e crachás usados por mineradora e terceirizadas; reunião de raios-x dos consultórios que atendiam funcionários; e verificação do tipo de sorriso de cada vítima em redes sociais. “Olhamos as golas dos uniformes e as botas, o que nos dá um norte. Se a pessoa tinha parafuso nos ossos, procuramos saber quantos giros ele tem”, explicou Araújo.
Causas. Embora as vítimas sejam da mesma tragédia, as causas da morte podem ser diferentes. Segundo a Polícia Civil, os fragmentos são analisados para definir se as vítimas morreram por asfixia, soterramento ou politraumatismo, por exemplo.