No quinto dia após o rompimento da barragem I da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho,  na região metropolitana de Belo Horizonte, a notícia de que ao menos 11 corpos foram retirados da lama durante a manhã desta terça-feira (29) fez com que o movimento no Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte se intensificasse  a partir do início da tarde. 

O bombeiro civil Willian Martins da Fonseca, de 18 anos, foi até o IML tentar conseguir informações sobre a irmã Camila Aparecida Martins, de 16. A jovem trabalhava como menor aprendiz na função de camareira na pousada que desapareceu sob o mar de lama que atingiu o povoado de Córrego do Feijão na última sexta-feira (25). "Queria encontrar o dono dessa empresa (Vale) e perguntar para ele quanto vale a família dele e quanto ele acha que fale a minha", disse o rapaz, que afirmou considerar um crime o rompimento da barragem. 

"Meu irmão falava que a vida dele estava em risco porque a qualquer momento (a barragem) poderia desabar em cima deles", contou em tom de revolta a conselheira Maria de Fátima Soares, de 30 anos, que veio de Tocantins, no Norte do país, e deixou o IML no início da tarde depois de reconhecer o corpo de Wanderson Soares Mota, de 32. O homem trabalhava  como mecânico na  Vale há cerca de 10 anos. 

Em Brumadinho desde sábado, a auxiliar administrativa Maria das Graças Cavalcante, de 58 anos, saiu de Parauapebas, no Pará, também na região Norte do Brasil,  para apoiar a família nas buscas pela sobrinha Lenin da Cavalcante Andrade, de 36, técnica em levantamento na Vale. "Já procuramos em todos os hospitais, mas hoje o rastreador do celular indicou que o aparelho estava aqui no IML. Mas até que se prove o contrário, ainda existe esperança", afirmou.

Apesar do grande movimento de familiares em busca de notícias, somente pessoas que receberam uma ligação informando sobre a necessidade de deslocamento ao IML para reconhecimento de corpos são autorizadas a entrar, mediante apresentação de um número de protocolo.