Crise

Fechamento de hospital afeta saúde no Vale do Aço

Encerramento em Coronel Fabriciano fez cidade de Timóteo decretar emergência

Por Luciene Câmara
Publicado em 02 de junho de 2017 | 03:00
 
 
Precariedade. Hospital de Coronel Fabriciano está sem remédios, materiais e equipamentos para exame Foto: HVL/Divulgação

O fechamento do Hospital Doutor José Maria Morais, antigo São Camilo, em Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, no dia 29 de maio, trouxe reflexos não só para o município de cerca de 110 mil habitantes, mas para a população do entorno. A Prefeitura de Timóteo, que fica ao lado e tem 88 mil moradores, decretou anteontem situação de emergência. A gestão informou a ocorrência de duas mortes no Centro de Saúde João Otávio, no bairro Olaria, nesta semana, por falta de leito para internação.

A prefeitura alega que há risco iminente de fechamento de mais um hospital, o Vital Brazil, em Timóteo. Ambos atendem a população pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na noite dessa quinta-feira (1°), a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou, sem detalhar valores, que realizará repasse de recursos para a Prefeitura de Coronel Fabriciano. “A publicação da resolução mostrando os repasses deve ocorrer nos próximos dias”, declarou em nota.

Entenda. O Hospital Doutor José Maria Morais amanheceu de portas fechadas na última terça-feira por falta de condições básicas de atendimento, como remédios, materiais e equipamentos para exames. Ao mesmo tempo, alguns setores estavam lotados. A crise na instituição se agravou depois que o contrato da Sociedade Beneficente São Camilo, antiga mantenedora da unidade, com o governo do Estado venceu, no início de maio. A SES informou que até hoje não repassou para a entidade a parcela referente ao mês de abril, que aguarda ter verba para isso.

Durante o período de transição, a Beneficência Social Bom Samaritano, de Governador Valadares, assumiria o hospital de forma emergencial até que a prefeitura pudesse fazer a gestão. Mas o contrato com o governo do Estado não foi firmado, e, consequentemente, não houve repasse de verbas. A SES informou ainda que fez, nessa quinta-feira (1°) mesmo, a cessão do imóvel do hospital para a prefeitura de Fabriciano, que, a partir de agora, já pode assumir os serviços.

A unidade é responsável por receber também os pacientes com traumas leves de Timóteo. “O fechamento da unidade hospitalar de Fabriciano e a possível paralisação do Hospital Vital Brazil em Timóteo são elementos capazes de provocar a perda de vidas”, justificou o prefeito de Timóteo, Geraldo Hilário Torres.

Sem contato

Prefeitura. A reportagem não conseguiu falar com o secretário municipal de Saúde de Coronel Fabriciano, Ricardo Cacau, nessa quinta-feira. Ele estaria no hospital tratando da retomada do atendimento.


Saiba mais

Decreto. A situação de emergência na saúde de Timóteo fica decretada por 180 dias, período em que a prefeitura poderá propor e autorizar, de forma justificada, a aquisição de bens e a contratação de serviços necessários para sanar as deficiências no atendimento.

Encaminhamento. A SES informou que está tomando todas as medidas para garantir o acesso da população à internação hospitalar. Segundo a pasta, os pacientes que seriam encaminhados para o Hospital Doutor José Maria Morais (antigo São Camilo) estão sendo encaminhados para outras instituições.

 

Timóteo

Unidade básica vira local de internação

Por falta de leitos em hospitais, é comum pacientes ficarem internados por mais de 12 horas (limite permitido) no centro de saúde João Otávio, em Timóteo, segundo o prefeito da cidade, Geraldo Hilário Torres. Pessoas que precisam de tratamento especializado ou até de assistência em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ficam aguardando vagas no local.

A prefeitura informou que o centro é uma unidade que se diferencia das demais Unidades Básicas de Saúde de Timóteo por funcionar 24 horas, atender demandas espontâneas e por ter estrutura de apoio para diagnóstico, como exame de imagem, eletrocardiograma, entre outros. No entanto, são apenas oito leitos de observação adulto e três pediátricos, e os casos graves devem ser estabilizados no local e encaminhados para hospitais.

Informações sobre as mortes que ocorreram no local em decorrência da falta de vagas em hospitais não foram repassadas. (LC)