O azul, o vermelho e o branco tomam conta da Praça Mendes Júnior, na Savassi, região centro-sul de Belo Horizonte, neste sábado (15 de julho). Acontece a 22ª edição da Festa Francesa, evento anual que comemora a Queda da Bastilha, em 1789, fato histórico na França que provocou mudanças sociais profundas e permanentes.
Idealizada pelo Consulado Francês no Brasil, a festa é uma forma de trazer ao Brasil a cultura da França. Música, artesanato, culinária... todos esses elementos ajudam a trazer um pedacinho do país à capital mineira e também a outras partes do Brasil. Guilherme Rabelo, produtor do evento em BH, exalta a cultura francesa e afirma que o evento é uma forma de democratizar o conhecimento.
"A França tem uma cultura magnífica, e muitas pessoas não têm como conhecer. Então a gente está trazendo pra BH para as pessoas conhecerem e se familiarizarem com essa cultura", explica.
A variedade do público marcou o evento. Desde crianças ainda no carrinho, passando por adultos até idosos, todos aproveitaram. Teve até quem levou os pets para curtir o evento. Na companhia da esposa Thais Lustosa Carreira e do filho Rafael, de um apenas um ano, o médico Márcio Henrique Lima Resende, de 35 anos, aproveitou o evento para matar a saudade de França, local onde já morou.
"Acho muito importante esses eventos culturais, ao ar livre, para as crianças, para as pessoas poderem conhecer as culturas de outros países", comemorou.
Para o casal formado pela professora Universitária Thaís Domingues, de 33 anos, e pelo servidor público Pedro Peixoto, de 34, a Festa Francesa tem um significado ainda mais especial: é uma forma de relembrar o pedido de casamento que fortaleceu a união do casal. Pedido este que foi feito exatamente na França, na cidade de Bordeaux.
Thaís relata que, em 2019, foi ao local para fazer doutorado. O marido, inicialmente, preferiu ficar no Brasil, mas a saudade o fez mudar de ideia em pouco tempo. E lá, ele pediu a mão dela. "Deu um mês que eu estava lá, ele já estava olhando passagem. Deu quatro meses, ele chegou. A gente ficou lá uma semana, e na virada do ano, ele me pediu em casamento", relembra.
Após Thaís concluir as matérias de mestrado e doutorado, eles retornaram. O casamento foi realizado no mês passado.
Quando abordado pela reportagem, o casal estava saboreando uma eclair, um dos doces da culinária francesa. Pedro Peixoto aprovou a iguaria.
"Uma delícia. Quem experimentar, tenho certeza que vai gostar", se derrete o servidor, que também aprovou a música do evento, também com temática da França. "Dá aquele clima. Cria aquela atmosfera para você se sentir no ambiente francês", elogia.
A Queda da Bastilha
Em 14 de julho de 1789, a França vivia um fato marcante para a Revolução Francesa. A população tomou uma grande prisão chamada Bastilha, na qual haviam sete prisioneiros. Adido de cooperação da Embaixada da França em Belo Horizonte, Vicent Nedelec explica que o fato é um marco de liberdade para o povo francês.
"O 14 de julho se tornou festa nacional francesa em 1880. Desde então, nós comemoramos essa busca pela liberdade e independência do povo francês", esclareceu.
Gerente cultural da Aliança Francesa, Lucas Moraes relata algumas das mudanças que ocorreram na França com a Queda da Bastilha. Ele cita, por exemplo, avanços sociais e de liberdade de expressão.
"As pessoas não tinham liberdade de voto, na escolha dos trabalhos, principalmente a população mais pobre. Eles ficavam à mercê dos empresários. Não tinham reconhecimento em termos de salário, das horas de trabalho", explica.
Com a tomada da prisão em 1789, conforme Lucas, o rumo dos trabalhadores mudou. "Começou um novo período, com a república, a legislação que possibilita ter um reconhecimento dos trabalhadores. A população mais pobre passou a ter mais voz com a Queda da Bastilha", relembra.