O desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) César Machado determinou, na tarde de desta quinta-feira (25), o funcionamento de 60% dos trens da capital, a partir da notificação. Isso significa que, em todos os horários, 60% do metrô deve estar operando, a partir do momento em que o Sindimetro-MG for notificado. Conforme a assessoria de imprensa do órgão, a questão será informada aos trabalhadores, na tarde desta sexta-feira. A previsão é que a escala de 60% seja cumprida a partir da 00h00 de sábado (ou meia-noite de sexta-feira) 

A decisão ocorreu em reunião com representantes do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro-MG) e da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Se a escala for descumprida, a multa diária é de R$ 35 mil para o sindicato.

A paralisação teve início, nessa quarta-feira, depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou as condições para a desestatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), em Belo Horizonte — o que abre caminho para a privatização. 
 
Por causa disso, os trabalhadores do metrô temem pelos seus empregos. Na sessão com o desembargador, o Sindmetro-MG pediu algumas garantias para a CBTU com relação às vagas como: plano de carreira, condições para demissões, entre outras. No entanto, a CBTU não debateu o tema na reunião. O desembargador César Machado, então, determinou a escala mínima. 

A paralisação já havia sido aprovada em assembleia da categoria realizada na última segunda-feira (22). Segundo Daniel Glória Carvalho, presidente do sindicato que representa os metroviários, a consequência da privatização será a demissão de quase 1,6 mil funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que atuam em Minas Gerais.
 
Desde o início da discussão a respeito da privatização do metrô, a preocupação dos funcionários tem sido quanto à garantia dos empregos, que deixariam de existir. Durante o julgamento que autorizou a desestatização da CBTU, o ministro Vital do Rêgo, relator do processo, garantiu que os funcionários teriam uma estabilidade de 12 meses a partir do momento que forem absorvidos na empresa que vai assumir o transporte sob trilhos. 
 
Mas, para os servidores, isso é muito pouco diante do iminente fim dos cargos públicos. "Foi o pior cenário possível. Queríamos pelo menos abrir uma negociação e aumentar o tempo de estabilidade, mas não houve essa possibilidade", garante um funcionário ouvido pela reportagem.

Entenda

O projeto de privatização do metrô de BH prevê investimentos de R$ 3,8 bilhões para a estrutura atual e para a construção da linha 2, que atenderá à região do Barreiro. O governo federal será o principal responsável pelo aporte, com R$ 2,8 bilhões.
 
O governo de Minas vai arcar com R$ 430 milhões nesse mesmo projeto. Os recursos são fruto do acordo junto à Vale pela reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho. Os demais valores serão de responsabilidade da empresa que arrematar o metrô.