A maioria dos comércios da avenida Perimetral, na Vila Pinho, região do Barreiro, em Belo Horizonte, permanece fechada, nesta sexta-feira (18), após a ordem de um toque de recolher que partiu de dois irmãos responsáveis pelo tráfico de drogas na região: o Keketo, conhecido como 01, que há anos está preso no Norte de Minas, e Vetinho, o 02, preso nesta madrugada com outras seis pessoas. A família do crime ordenou o fechamento dos estabelecimentos após um gerente da quadrilha, o 03, morrer em uma abordagem da Polícia Militar.
Nessa quinta-feira (17), militares foram informados que Pietro Henrique Fernandes Faria Custódio, de 25 anos, estava escondido em um apartamento no bairro Barreirinhas, em Ibirité, na região metropolitana da capital.
Armado, ele não não obedeceu à ordem de abordagem, e dois militares atiraram. O homem foi baleado na região do tórax, chegou a ser socorrido, mas não resistiu ao ferimento.
"Após essa ocorrência envolvendo o 03, nós identificamos que a ordem do toque de recolher partiu de um indivíduo de alcunha 'Vetinho', irmão do Keketo. Nós já estávamos em perseguição a ele e tínhamos um endereço dele em Itaúna. Deslocamos até a casa e conseguimos localizá-lo com mais dois homens e quatro mulheres", explicou o delegado Alexandre Fonseca.
Segundo ele, Vetinho, de 27 anos, e os outros suspeitos estavam chegando ao imóvel em dois carros, sendo um deles clonado. Foi apreendida uma pistola .40, outros materiais ilícitos, anotações do tráfico e mais de R$ 4 mil em dinheiro, quantia que estava escondida no sutiã de uma das mulheres.
Nervosinho
Ao ser preso, Vetinho exigiu saber da polícia o nome de quem tinha entregado a localização do bando.
"Ele estava muito alterado e falava que queria saber "quem foi que deu ele". Mas nós chegamos até eles através de investigações. Não teve nenhum 'X9'. Outro fato importante é que em um dos carros estava a companheira do falecido 03. A gente acredita que a vida dela corria risco porque o 02 queria saber dela o que aconteceu com a droga e a morte do parceiro. E, se ele não gostasse das respostas dela, ela seria morta", detalhou o delegado.
Entre o grupo estavam duas grávidas, sendo que uma delas chegou a passar mal. Os presos retornaram a Belo Horizonte.
A reportagem de O TEMPO percorreu cerca de um quilômetro da avenida Perimetral, onde localizou apenas uma farmácia, um supermercado, uma lotérica e outras duas lojinhas de armarinho abertas. O restante estava fechado.
Moradores, temendo represálias, não quiseram comentar o caso. Na via, militares do batalhão de área e da Rotam faziam patrulhamento.
Comparsa pode ser do PCC
Um dos comparsas de Vetinho é de Campinas, em São Paulo, e a polícia não descarta que ele tenha envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
"Ele tem uma folha de antecedentes criminais bastante expressiva, um homicídio com condenação, em fase de recurso. Tem também roubo, extorsão, que são crimes característicos do PCC e a gente acredita que possa ter essa relação", afirmou Fonseca.
Keketo, irmão de Vetinho, cumpre pena em um presídio de Francisco Sá, no Norte de Minas, a mais de 400 quilômetros de distância da capital. Mesmo assim, ele atua nas ordens do tráfico da área.
Denuncie
"A polícia está agindo na região e vamos continuar identificando outros integrantes da gangue. quem puder denunciar é só entrar em contato pelo telefone 181, não precisa se identificar", finalizou o delegado.
A morte de 03
Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar, no início da tarde de quinta, policiais foram informados do esconderijo de Pietro em um apartamento no bairro Barreirinha, em Ibirité, na região metropolitana da capital.
No primeiro momento, agentes do setor de inteligência da corporação deslocaram até o prédio, onde, de uma escada, avistaram a porta de um dos apartamentos entreaberta. Com o apoio de outros militares, eles ordenaram que Pietro se entregasse, o que não foi atendido.
Ainda conforme o registro policial, o homem teria ido para um outro cômodo do apartamento e apontado um revólver calibre 38 na direção de dois policiais, que atiraram. O suspeito foi atingido uma vez na região do tórax, caiu de um telhado de zinco e foi parar na cozinha da vizinha do outro andar.
Na cozinha, Pietro foi encontrado gritando por socorro e foi encaminhado ao Pronto Atendimento de Ibirité, onde foi entubado, encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu ao ferimento.
No apartamento em que ele estava foram apreendidos, além da arma, microtubos de drogas, munições, balanças de precisão, caderno com anotações do tráfico e celulares. A namorada do homem foi localizada em um dos quartos.
Ainda conforme a polícia, Pietro tinha antecedentes por homicídio, tráfico e posse de arma e era foragido da Justiça.