Rede pública

Hospitais do SUS concentram maioria das internações por Covid-19 em BH

Hospital Metropolitano Doutor Célio de Castro e Santa Casa foram os que mais receberam pacientes na rede pública, e unidade da Contorno do Hospital Unimed foi a particular com maior concentração de internados

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 18 de agosto de 2020 | 15:39
 
 
Paciente teria sido morto no Hospital Regional Dr. Célio de Castro, no Barreiro Foto: LEO FONTES / O TEMPO

Em Belo Horizonte, a maior parte das internações por Covid-19 ou por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) sem causa específica — que também podem representar contaminação por coronavírus — são realizadas em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Das 81 unidades de saúde que tiveram pacientes internados durante a pandemia, 15 concentraram 70% dos atendimentos, o equivalente a 5.711 internações. Dessas unidades, 12 são públicas ou conveniadas ao SUS, e três são particulares. 

Os locais que mais absorveram pacientes na capital foram o Hospital Metropolitano Doutor Célio de Castro, no bairro Milionários, região Barreiro, e a Santa Casa de Belo Horizonte, no bairro Santa Efigênia, região Leste. A cada cinco pacientes internados em BH, aproximadamente, um permaneceu em um desses hospitais. A informação é do sexto boletim InfoCovid, organizado pelo Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte (OSUBH) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com dados referentes até o dia 18 de julho. 

Em terceiro lugar na lista, está o Hospital Unimed Unidade Contorno, no bairro Santa Efigênia. Cerca de 7,2% dos pacientes da cidade, 588 pessoas, foram internados no local. Ele é um dos três hospitais particulares que aparecem na lista das 15 unidades com mais internações — os outros são o Hospital Lifecenter, no bairro Funcionários, região Sul, e o Hospital Semper, no Centro. A unidade da Unimed concentra mais que o dobro das internações dos outros dois combinados. 

Para a epidemiologista Aline Dayrell, uma das autoras do levantamento, os dados evidenciam a importância do SUS durante a pandemia. “O SUS é um sistema de portas abertas, que atende mesmo pessoas que têm plano de saúde. Temos que destacar a relevância deles em um cenário de epidemia, porque grande parte dos pacientes se concentra neles, que atendem a população sem fins lucrativos”, pontua. 

Ela também destaca que a preparação dos hospitais para ampliar a capacidade de atendimento durante a pandemia impediu colapso do sistema e a necessidade de utilizar o Hospital de Campanha, montado pelo governo do Estado no Expominas, em BH. “Os hospitais tiveram mudanças e reformas para absorver mais pessoas e ainda estão dando conta da demanda. Em alguns momentos, começamos a chegar em um limite da estrutura, mas depois voltamos ao controle, mesmo com taxa de internação bem alta”, diz. 

Pico da pandemia pode ter passado em BH, mas reabertura de comércio ameaça indicadores

O número de internações e óbitos por Covid-19 em BH diminuiu no período analisado pelo observatório, até meados de julho, e, de acordo com dados da prefeitura, continua decrescendo em agosto. Dayrell alerta que ainda é cedo, porém, para afirmar se a capital passou por um pico da pandemia e se vive, agora, um momento de declínio da doença. 

A pesquisadora afirma que os efeitos da flexibilização do funcionamento do comércio na cidade têm sido perceptíveis nos indicadores de saúde — cerca de 15 dias após uma abertura, nota-se aumento nas internações, explica. Caso a nova onda de flexibilização, iniciada no dia 6 de agosto, não provoque um aumento significativo de pessoas internadas após duas semanas, será um sinal de que a doença começa a ser controlada. 

“Observamos uma queda de internações do final de julho em diante, indicando uma possível estabilização. Houve abertura do comércio novamente e vamos ver a tendência. O que queremos é estabilização mesmo com a abertura. Não dá para manter a cidade fechada a vida toda até surgir uma vacina, mas temos que saber o vírus vai continuar circulando e as medidas de controle devem existir”, resume. 

Vilas e favelas concentram internações por Covid-19

A maior parte das internações por Covid-19 ou SRAG sem causa determinada continua a ser de pessoas da região central do município, englobando as regionais regionais Leste, Centro Sul, Noroeste e Oeste. Uma tendência que tem se acentuado, mostram as análises do OSUBH, é a concentração das internações entre quem vive em vilas e favelas nessas áreas. 

Na região Leste, destacam-se o Alto Vera Cruz e Caetano Furquim; na Centro Sul, o Aglomerado da Serra; na Noroeste, a Pedreira Prado Lopes, e, na Oeste, Cabana Pai Tomás e as Vilas Vista Alegre e Madre Gertrudes.

Confira os 15 hospitais onde mais houve internações:

  1. Hospital Metropolitano Doutor Célio de Castro (público): 1.014 internações (12,45% do total)
  2. Santa Casa de Belo Horizonte (filantrópico): 890 internações (10,93%)
  3. Hospital Unimed Unidade Contorno (particular): 588 internações (7,22%)
  4. Hospital Eduardo de Menezes (público): 552 internações (6,78%)
  5. Hospital Júlia Kubitschek (público): 388 internações (4,76%)
  6. Complexo Hospitalar São Francisco (contratado/conveniado SUS): 314 internações (3,86%)
  7. Hospital Metropolitano Odilon Behrens HOB (público): 284 internações (3,49%)
  8. Hospital Risoleta Tolentino Neves (público): 267 internações (3,28%)
  9. Hospital Infantil João Paulo II (público): 235 internações (2,89%)
  10. Hospital Governador Israel Pinheiro (público): 228 internações (2,8%)
  11. Hospital Lifecenter (particular): 206 internações (2,53%)
  12. Unidade de Pronto Atendimento Noroeste II HOB (púvlico): 206 internações (2,53%)
  13. Hospital Semper (particular): 205 internações (2,52%)
  14. Associação Mário Penna (filantrópico): 168 internações (2,06%)
  15. Hospital das Clínicas da UFMG (público): 166 internações (2,04%)