Silencioso e potencialmente curável, se tratado precocemente, o câncer de cólon e reto, também chamado de câncer de intestino, é o terceiro mais frequente em homens e o segundo entre as mulheres no país. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que, até o fim de 2019, 17.380 novos casos da doença devam ser diagnosticados neles. O número chega a 8.980 para elas.

Atingindo população cada vez mais jovem e muitas vezes confundido com outros problemas intestinais, o que acaba retardando a busca por ajuda, a recorrência e os preconceitos relacionados ao câncer de intestino mobilizam, pela quarta vez, os profissionais do Hospital Madre Teresa, que realiza campanha preventiva da doença. A expectativa é que um total de 1.500 pacientes sejam atendidos entre os dias 2 e 30 de setembro.

“Muita gente diz que não faz exame por não estar sentindo nada, por constrangimento ou por vergonha e até mesmo porque acredita que pode ser perigoso. Por isso, é bom esclarecer às pessoas: o exame preventivo é importantíssimo, porque este é um tipo e câncer que pode ser evitado”, alerta Hilma Nogueira da Gama, coordenadora da equipe de coloproctologia do Hospital Madre Teresa.

O processo preventivo se inicia de uma consulta com um proctologista, que avalia se há necessidade médica da realização de um exame de colonoscopia. A intenção é rastrear pólipos - que são uma espécie de verruga que levam entre cinco e 10 anos até virar um tumor. 

Portanto, se identificado antes disso, uma cirurgia simples é capaz de evitar complicações futuras. “Estamos falando de um processo cirúrgico rápido, feito por vídeo através do umbigo. São necessários quatro dias de internação e concedidos 15 dias de licença médica, para repouso e cuidados com alimentação. Em 30 dias, retoma-se as atividades normais”, expõe a médica colo proctologista.

Hilma indica, ainda, que uma alimentação pobre em fibras, sem frutas e vegetais, e com itens com muitos contaminantes, excesso de produtos processados e carne vermelha são fatores de risco para a doença. O fator genético também é relevante.

Sinais. A profissional alerta que o auto diagnóstico para doenças intestinais chega a atrasar por até um ano o tratamento correto para a doença. 

“Muitas pessoas vêem o pequeno sangramento esporádico e pensam que é decorrente de uma hemorroida, por exemplo. Ou pense que uma diarreia que, volta e meia, acomete a pessoa, não é nada demais”, pontua ela, indicando que estes são sinais de alerta - embora a doença seja normalmente não deixe sinais em um primeiro momento, causando emagrecimento e fraqueza apenas quando já está avançado.

A bioquímica Simone Martins, 45, soube de uma campanha preventiva para a doença em 2014. Embora imaginasse que o sangramento “quase imperceptível” ocorresse por conta de uma hemorroida, quis fazer o exame. Foi assim que descobriu o tumor. “Não foi o tratamento ideal, porque esperei ter os primeiros sintomas, mas felizmente busquei ajuda tão logo notei que havia algo de errado”, comenta ela.

No seu caso, o pólipo já havia se tornado um tumor. Ela fez a retirada e passou por sessões de quimioterapia e radioterapia. Há cinco anos, volta a fazer consultas para saber se está tudo bem - e, felizmente, está. No início, como manda o protocolo, as visitas médicas aconteciam trimestralmente, agora são semestrais. “Chegar ao quinto ano de acompanhamento é uma vitória. A partir de agora, as chances do retorno da doença ou de metástase são bem menores”, celebra.

Serviço. Durante a 4ª Campanha de Prevenção ao Câncer de Intestino, o Hospital Madre Teresa oferecerá consultas com médicos proctologistas por 50% do valor de mercado. A colonoscopia, se necessária, será oferecida até 60% mais barata. Os atendimentos serão feitos de segunda a sexta, entre 8h e 21h.

Números. Segundo estimativa do Inca, o Estado de Minas Gerais deve registrar, até o fim do ano, 3.160 casos novos de câncer de cólon e reto. Do total, cerca de 700 novos casos devem ser diagnosticados em BH.

De acordo com o Ministério da Saúde, o DATASUS registrou, em 2017, 18.867 mortes decorrentes por câncer colorretal, sendo que 1.721 desses óbitos aconteceram em Minas e 346 em BH.