No último domingo, os termômetros em Belo Horizonte chegaram a registrar 5.7 graus entre a madrugada e o início da manhã. Para os 4.500 moradores da capital em situação de rua, o frio dos últimos dias tem sido um açoite, de congelar até “a alma”.

Sensibilizado com a situação dessas pessoas que vivem na região hospitalar da capital, onde é  dono de banca de jornais e de revistas, Franklin Oliveira, que já é famoso por ser ativista em defesa da causa dos animais, lançou uma ação solidária para arrecadar agasalhos e está aquecendo não apenas o corpo, mas também o “coração” de que dorme ao relento.

A banca de revista de Franklin fica na avenida Brasil, 460, no bairro Santa Efigênia, na região hospitalar de Belo Horizonte. Ele conta que pessoas de todas as classes sociais passam pelo local.

“Outro dia, um senhor estava passando por aqui todo encolhido, morrendo de frio, e eu tirei o meu agasalho e dei para ele. E fui para casa pensando nisso. Cheguei em casa, abri o meu guarda-roupa, tirei todos os agasalhos que eu não usava mais e trouxe tudo para a minha banca para doar", disse ele.

"As pessoas foram passando, muita gente carente, porque na região hospitalar tem muita gente do interior que vem para tratamento médico, e aí eu fui conhecendo várias histórias de vida", comentou.

Segundo Franklin, há muita gente desempregada nas ruas da capital, que passa por problemas financeiros, e que consegue se aquecer com as roupas que ele está doando. “Gente que vende bala no sinal, água de coco, desempregados com filhos”, conta Franklin, que divulgou sua campanha nas redes sociais e tem despertado o espírito solidário de muita gente.

“Os amigos foram trazendo agasalhos, calçados, e a campanha tomou uma proporção que eu não imaginava. É muito bom a gente poder ajudar”, disse ele, emocionado.

Atuando na causa da defesa animal há 39 anos, Franklin conta que nunca deixou de ajudar as pessoas carentes. “Eu aprendi isso dentro de casa, com a minha mãe. Se a gente puder ajudar uma pessoa que precisa, ou um animal, a gente vai estar ajudando a nós mesmos. A gente estará evoluindo nesse processo existencial nosso”, disse ele.

“Então, quem ganha não é quem recebe. Quem ganha é quem doa, quem ajuda”, ensina.

Abrigo

Franklin tem uma casa de passagem para animais recolhidos nas ruas, onde são mantidos mais de 100 cães e gatos. “São animais em situação de maus-tratos que são resgatados. No abrigo, eles são tratados, vacinados e encaminhados para castração com pessoas parceiras. Depois, são oferecidos para adoção”, disse o ativista, que faz campanhas de adoção.

Por dia, os animais consomem 25kg de ração e Franklin depende de doações para mantê-los alimentados. “A gente passa por muito aperto, mesmo! A minha renda é pequena. Sobrevivo com a renda de uma banca de revistas, o que não é muito”, lamentou.

Além de agasalhos para pessoas em situação de rua, Franklin lembra que roupinhas para animais também são bem vindas nesse período de frio. “Tem vários moradores de rua que já frequentam a minha banca e pedem ração e medicamentos para os seus animais, Eles também estão precisando de roupinhas para os seus pets”, disse ele.

Serviço

Quem quiser doar agasalhos para as pessoas, para pets, e também ração, a banca de Franklin fica na avenida Brasil, 460, no bairro Santa Efigênia, em frente à Loja Maçônica de Belo Horizonte, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.