Apenas 14 dias

Julho tem mais casos e mortes em BH do que em todo período anterior da pandemia

Panorama ocorre nas vésperas da previsão do pico de contágio do coronavírus em Minas Gerais que, segundo o governo estadual, deve ocorrer nesta quarta-feira (15); no Estado, casos aumentaram 750% em dois meses

Por Lucas Negrisoli e Aline Gonçalves
Publicado em 14 de julho de 2020 | 19:02
 
 
Passageiros esperam ônibus na Estação Diamante na região do Barreiro Foto: Uarlen Valério /O Tempo

Só nos primeiros 14 dias de julho, Belo Horizonte registrou mais casos e mortes por coronavírus do que em todo o período anterior, desde o início da pandemia na cidade em 16 de março, até o final de junho. 

Entre o primeiro dia deste mês e esta terça-feira, foram confirmadas 6.208 infecções na capital mineira e 152 óbitos devido à Covid-19. Entre a data do primeiro caso confirmado e o último dia 30, BH somava 5.915 casos da doença e 136 fatalidades.

O número de casos, inclusive, mais que dobrou no último mês em Belo Horizonte. Esse panorama ocorre nas vésperas da previsão do pico de contágio do coronavírus em Minas Gerais que, segundo o governo estadual, deve ocorrer nesta quarta-feira (15).

Embate sobre reabertura marca esta semana

Em meio à pandemia, embates políticos entre o prefeito Alexandre Kalil (PSD) e representantes do comércio, em especial a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), elevam a tensão na capital.

Na última quarta-feira (8), o chefe do Executivo cancelou uma reunião que teria com comerciantes no dia seguinte e se encontrou com um grupo de 70 entidades, encabeçadas pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS), que entregaram a ele um manifesto a favor do isolamento social na cidade.

Kalil afirmou naquele dia que cancelou o encontro com o empresariado por não ter o que dizer. “O momento não nos permite nada de diferente do que está acontecendo hoje. Então nós não temos por que fazer uma reunião sem objetivo. Eu recebo duas, três vezes por dia os números das ocupações e das transmissões”, pontuou Kalil durante o encontro com as entidades.

No evento, ele disse que vem sofrendo pressões para afrouxar o isolamento em BH, vindas de uma “minoria barulhenta”. “Eu sou um ser humano comum, eu tenho sofrido muito de um lado só e quero dizer a vocês que nós estamos aqui hoje, presentes e juntos com uma maioria silenciosa, e vamos ignorar toda a minoria barulhenta, porque o barulho levou este país ao patamar que nós estamos hoje”, disse o prefeito.

Em resposta, a CDL/BH disse que a reunião de Kalil com as mais de 70 entidades foi majoritariamente ocupada por “militantes da esquerda” e alegou desconhecer as razões para o cancelamento do encontro com o empresariado. 

“A entidade não somente é contrária ao cancelamento, decisão mais uma vez tomada de forma autoritária e unilateral pela prefeitura, como também volta a denunciar a completa incapacidade do executivo municipal de abrir os leitos prometidos em 29 de maio”, acusou a entidade em nota.

Contudo, o prefeito pediu ao Secretário Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Reis, na última sexta-feira (10), que começasse a conversar com atores do setor produtivo belohorizontino para “tratar de possíveis incentivos visando a abertura”, conforme uma fonte confirmou a O TEMPO

A posição foi reforçada pelo prefeito em transmissão ao-vivo nas redes sociais realizada nessa segunda-feira (13). De acordo com Kalil, uma nova reunião com representantes do comércio deve ocorrer na próxima quarta-feira (15). 

Ainda não se sabe qual será a decisão da prefeitura em relação à manutenção ou não das medidas de isolamento social. Todavia, parte dos membros do comitê de combate ao coronavírus demonstram insatisfação nos batidores com as perspectivas de reabertura neste momento.

Casos em Minas aumentaram 750% em dois meses 

Em Minas, por outro lado, não se espelha a situação de Belo Horizonte em relação ao crescimento dos casos. Em julho, foram registrados 33.642 casos de coronavírus e 703 mortes causadas pela Covid-19. Desde o primeiro diagnóstico no Estado, no último 8 de março, e o final de junho, havia 45.001 pessoas com a doença e 965 óbitos.

 

Contudo, a situação ainda é grave: entre 31 de maio e esta terça-feira, o número de infecções no Estado aumentou 750% e, o de óbitos, 623%, indo de 10.464 casos e 271 óbitos naquele dia, a 78.643 infectados e 1.688 vítimas nesta terça.