Proximidade

Jurados estariam com medo 

Na saída, eles relataram sensação de alívio

Por Luiza Muzzi
Publicado em 14 de julho de 2014 | 22:00
 
 

Moradores da mesma cidade onde residem os seis policiais acusados da morte da comerciante Ana Paula Nápolis Silva, os jurados convocados pelo tribunal nesta segunda teriam demonstrado medo de atuar no caso em função da proximidade dos réus. Alguns deles são conhecidos dos acusados do crime.
 

Esse clima foi repassado pelos candidatos a jurado logo após outros colegas serem selecionados para atuar na sessão, na manhã desta segunda. Na saída, eles relataram sensação de alívio. “A maioria de nós é daqui, e alguns ficam com medo. Eu fiquei aliviada de sair. É muita responsabilidade”, disse uma mulher ao ser liberada. “Tem dois policiais ali que eu conheço, então prefiro não participar”, afirmou outro jurado dispensado.

Anulação. Para o advogado e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas (OAB-MG), Willian Santos, o medo pode influenciar na decisão do júri e gerar até mesmo uma absolvição. Caso isso aconteça, segundo Santos, o Ministério Público de Minas Gerais poderá usar o fato de militares e jurados morarem na mesma cidade para pedir a anulação do júri.

“A influência é grande, porque Vespasiano é uma cidade pequena, apesar de estar na região metropolitana. Esse julgamento deixa de ser imparcial”, afirmou o advogado, ressaltando que a assistência de acusação já deveria ter pedido a transferência do julgamento para Belo Horizonte.

Transferência
MPMG.
Procurado ontem, o Ministério Público não informou, até o fechamento desta edição, se a assistência de acusação pediu a transferência do julgamento para a capital em algum momento.