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Laudo atesta risco em elevadores em funcionamento na Cidade Administrativa

Documento contratado pela Seplag, que a reportagem teve acesso, mostra que elevadores da Cidade Administrativa têm vícios construtivos e apresentam risco para servidores

Por Tatiana Lagôa
Publicado em 02 de abril de 2024 | 15:30
 
 
Elevadores da Cidade Administrativa apresentam falhas e são riscos para servidores Foto: Reprodução do laudo

A  interdição dos 22 elevadores sociais do prédio Minas — localizado na Cidade Administrativa — desde 21 de novembro do ano passado tem uma causa constatada em laudo: riscos em função do “colapso dos pilares metálicos decorrentes de vícios construtivos”. Problemas também identificados nos elevadores do edifício Gerais, que continuam em pleno funcionamento. A conclusão do estudo e o conselho de realização de obras corretivas estão em documento técnico de engenharia sigiloso.

A empresa responsável pelo trabalho foi contratada pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) e O TEMPO teve acesso ao texto. A situação causa tensão entre os servidores que atuam nos edifícios construídos para compor o centro de poder do Estado de Minas Gerais. Parte dos trabalhadores que atuam no prédio Minas foram alocados para outros edifícios, além disso, outros servidores tiveram liberação para trabalhar em casa durante alguns dias da semana. A medida, no entanto, não inclui todo o quadro de funcionários.

“Aqui têm vários servidores que assumem funções que não os possibilita trabalhar de casa. Estamos usando elevadores privativos que, segundo eles, foram vistoriados em novembro do ano passado. Mas não sabemos se dá para confiar”, afirma uma servidora, que pediu anonimato. No prédio Minas estão alocados funcionários que atuam, por exemplo, nas secretarias de Desenvolvimento Social, de Justiça e Segurança Pública e a de Meio Ambiente.  Nas mais de 500 páginas do laudo — finalizado no dia 11 de março e assinado por três engenheiros civis — são registradas as avarias dos elevadores do prédio Minas tanto em textos quanto em imagens.

“Foi constatado o colapso dos pilares metálicos dos contrapesos do elevador “E” do prédio Minas. O contrapeso é um componente crucial do elevador, consistindo em uma estrutura metálica onde são fixados pesos, de tal forma que o conjunto tenha peso total igual ao da cabine acrescido ao da capacidade dimensionada”, detalha o documento.

"Deslocamentos e deformações excessivas"

Os engenheiros encontraram indícios do que eles chamam de “deslocamentos e deformações excessivas”, além de indicativos de fragilidades em elementos estruturais dos elevados da Cidade Administrativa, como manchas, sinais de corrosão, desgastes e falta de uniformidade. O laudo traz fotos de trincas próximas a pilares metálicos do contrapeso do elevador — uma estrutura de segurança que segue na direção contrária à seguida pela cabine com os usuários.  Estruturas tortas e com parafusos rompidos. Outra falha técnica encontrada nos elevadores da Cidade Administrativa é referente às barras de fixação que estão flexionadas, ou seja, tortas e com parafusos rompidos. Isso ocorre, conforme o laudo, em função de um erro na execução do projeto. Foi criado um espaço vazio, não previsto em projeto, entre a chapa metálica de fixação dos pilares e a viga de concreto.

Os engenheiros civis garantem, conforme a análise feita, que o problema nos elevadores “não afeta a integridade, nem estabilidade nem a solidez da estrutura do prédio Minas”, porém aconselham que o governo faça obras nos elevadores para eliminar os “erros construtivos” e garantir a segurança dos usuários.  

Prédio Gerais precisa de reforço estrutural

O que chama a atenção ainda no laudo é a menção com relação ao prédio Gerais, onde ficam, por exemplo, a Secretaria da Fazenda, a de Planejamento e a Polícia Civil. O edifício, de 14 andares, está com os elevadores em pleno funcionamento, mas, conforme a análise entregue pelos especialistas ao governo do Estado, não tem segurança totalmente garantida. “Apesar de não ter ocorrido ainda o colapso estrutural, é fundamental a execução do reforço estrutural apontado no laudo de engenharia com objetivo de se evitar a ruptura dos pilares dos contrapesos dos elevadores do prédio Gerais, pois o método construtivo foi idêntico ao executado no prédio Minas”, alerta o documento. 

Servidores questionam falta de informação

Enquanto isso, nos grupos em redes sociais, os servidores questionam a falta de informações e de segurança. "No nosso e-mail institucional tem a seguinte logo: 'Trabalhando para transformar Minas no melhor lugar para viver e investir'. Como, se não cuidam nem de quem está aqui? Lembrando que o prédio onde o governador fica não tem problema no elevador", critica uma servidora. A empresa de engenharia responsável pelo documento foi procurada e não se manifestou.  

Governo de MG promete providenciar reparo 

Em nota, o governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag-MG), prometeu contratar, ainda nesta semana, a empresa responsável pelos reparos. Os serviços incluem o reforço dos pilares de sustentação dos contrapesos dos elevadores. 

“Não são apontados problemas na estrutura predial, sendo destacado que a falha detectada “não afeta a integridade, nem estabilidade, nem a solidez da estrutura do Prédio Minas”. No caso do Prédio Gerais, o documento constata que não há colapso estrutural e que é necessário o reforço apontado como prevenção a ocorrências futuras”, garante o governo.

Segundo o Estado, os elevadores dos dois edifícios vão receber “reforços dos pilares metálicos". No caso do prédio Gerais, "o objetivo de evitar qualquer comprometimento futuro no funcionamento, embora não haja risco nesse momento”. Clique aqui para ver o posicionamento completo