EM MEIO A FALTA DE ÁGUA

Lavagem de ruas após o Carnaval causa polêmica em Esmeraldas

Promotoria de justiça da cidade recomendou que as ruas não fossem lavadas todos os dias após as festividades, prefeitura alega que vai usar água de ribeirão que não é usada para consumo humano

Por Felipe Castanheira
Publicado em 04 de fevereiro de 2015 | 13:17
 
 
O carnaval de Esmeraldas reúne milhares de pessoas no entorno da praça Getúlio Vargas Divulgação / Prefeitura de Esmeraldas

A Promotoria de Justiça de Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, emitiu uma recomendação para que as ruas e praças públicas da cidade onde ocorrem folias de carnaval não sejam lavadas diariamente. A proposta foi direcionada tanto para a prefeitura quanto para a Liga Carnavalesca da Cidade e foi divulgada nesta terça-feira.

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a medida visa evitar o agravamento da falta de água no município. Mesmo diante das informações sobre o baixo nível do Sistema Paraopeba, a prefeitura emitiu um boletim em que informava aos moradores em que "se compromete a realizar a limpeza das ruas da cidade em todos os dias de evento”. Na cidade estão agendados 10 dias de festas carnavalescas.

Para a promotora de justiça Mirella Giovanetti Vieira, a medida é antagônica a recomendação da Copasa para reduzir o consumo em 30%. “Além de configurar, em tese, ato de improbidade administrativa, por violação aos princípios da Administração Pública”, destacou.
A prefeitura divulgou nesta terça-feira uma nota em que Ormindo Diniz, presidente da Liga Carnavalesca, informa que a água usada para lavar as ruas será retirada do Ribeirão Felipão, imprópria para o consumo humano e que não interfere no abastecimento de água potável na cidade.

Proprietário de um mercado que fica em frente a Praça Getúlio Vargas, local que concentra as principais apresentações e blocos de carnaval da cidade, Mauro Sérgio Resende de Oliveira acredita que deixar de lavar a praça e as ruas do entorno é impossível, já que o mal cheiro após as noites de festa é insuportável.

Ele defende a realização do carnaval, apontada por ele como importante para o comercio e para a economia local, mas acha que os dez dias de folia não condizem com a falta de água atualmente enfrentado. "No centro ainda não temos falta de água, mas pela gravidade do problema o prefeito está esquecendo de olhar para o futuro", avalia.