Arrependido

Líder entrega esquema de roubo de carro em sua carta de suicídio

Investigação da Polícia Civil sobre o grupo acontecia há dois meses e foi solucionada com ajuda de carta de suicídio de Fernando Mariotto; 18 carros foram recuperados

Por Fernanda Viegas/Bárbara Ferreira
Publicado em 02 de julho de 2015 | 11:50
 
 
Polícia Civil recupera mais 18 carros roubados em Belo Horizonte FERNANDA CARVALHO / O TEMPO

O maior esquema de roubo e clonagem de carros de Minas Gerais, segundo o delegado Luciano Guimarães, da 3ª Delegacia Especializada de Investigação a Furto e Roubo de Veículos Automotores, foi descoberto após o líder da quadrilha se matar, na última segunda-feira (29), deixando uma carta, contando todos os detalhes do crime, endereçado ao delegado.

Fernando Marques Mariotto, 39, atirou na própria cabeça dentro de um Uno Mille roubado, na BR-040, no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.

"Quando observamos o nome do delegado na caixa e informações que dizaim respeito a um inquérito policial, achamos que poderia ser um policial morto", lembrou a delegada Valéria Decat, da 3ª Delegacia de Polícia Civil de Nova Lima.

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Na última quinta-feira (25), a Polícia Civil descobriu um esquema de clonagem e adulteração de veiculos em Pedro Leopoldo, na região metropolitana. Foram apreendidos 30 carros no total, sendo 22 em um galpão, dois no apartamento de Mariotto, dois em um imóvel em que funcionava a "central de clonagem" e quatro em uma garagem.

Uma semana depois, mais 18 veículos foram apreendidos em um estacionamento, na avenida do Contorno, no bairro Funcionários, na região Centro- Sul de Belo Horizonte. Somando com o Uno, são 49 carros apreendido, que equivalem a R$ 5 milhões, entre veículos populares e de luxo, como Mercedes e Range Rover.

Conforme Guimarães, o grupo clonava a placa, adulterava o chassi, fazia nova documentação e revendia o veículo. A investigação sobre o grupo acontecia há dois meses e teria iniciado com a denúncia do dono de estacionamento na capital, onde o grupo usava para "esfriar" os carros recém-roubados. Até o momento, ninguém foi preso.

"Tudo aponta que ele (Mariotto) era o líder da quadrilha, mas a investigação não termina com sua morte, porque acreditamos que há outros envolvidos", afirmou Guimarães.

Ainda, segundo o delegado, na carta, Mariotto fala que assume o crime e entrega todo o esquema, porque não queria que ninguém ficasse no lugar. Ele também teria dito que acreditava que alguém o teria traído, já que a polícia já procurava por ele, pediu desculpa para a família, afirmando estar cansado dessa vida.

O material deixado por Mariotto, como selos, lacres, pinos para adulterar chassi, placas, documentos em branco, sendo quatro de São Paulo, são avaliados em cerca de R$ 500 mil.

Para o delegado, veículos adulterados eram comercializados em Vitória (ES) e São Paulo também. Nenhum comparsa foi entregue por Mariotto, que era casado, tinha dois filhos e se dizia engenheiro.