Relembre

Maníaco de Araguari: suspeito será julgado por morte de menina de 13 anos

Série de assassinatos assustou o município entre 2004 e 2006

Seg, 20/05/19 - 15h01
CIDADES - Euripedes Martins , acusado de ser o maniaco de Araguari . FOTO: Luiz Muilla / Gazeta do Triangulo | Foto: Luiz Muilla / Gazeta do Triangul

Lara Rodrigues Caetano Pereira, 13 anos, desapareceu no dia 24 de agosto de 2004. Seu corpo foi encontrado quatro dias depois em um matagal. A adolescente estava despida e em seu corpo havia marcas de violência e abuso sexual. 

Quase uma década e meia depois do crime brutal, Eurípedes Martins, principal suspeito desse e de outros quatro homicídios violentos com característica muito semelhantes, será julgado pela morte da menina nesta terça-feira (21), na 1ª Vara Criminal de Araguari, no Triângulo Mineiro. 

Ele ficou conhecido como "Maníaco de Araguari" e a série de crimes atribuída a ele aterrorizou o município entre os anos 2004 e 2006. A comarca da cidade informou à reportagem que contra o homem ainda pesa a denúncia do Ministério Público pelos outros crimes. O carroceiro é apontado como autor de todos os cinco crimes e suspeito em outros dois casos. 

Em 2014, Eurípedes foi levado a júri popular pela morte de Lara, mas o julgamento foi suspenso depois que o advogado de defesa alegou que faltava um exame de sanidade mental de seu cliente. 

Relembre a história

Restos mortais, crânios espatifados e arcada dentária. Os elementos dignos de um cenário cruel perturbaram o imaginário de moradores da cidade entre 2004 e 2006. Escolas chegaram a paralisar as aulas noturnas, ninguém andava sozinho e pais acompanhavam seus filhos pequenos a todos os cantos. 

Ao todo, corpos de cinco mulheres com idades entre 13 e 57 anos teriam sido assassinadas pelo carroceiro Eurípedes Martins. Todos estavam escondidos em matagais distantes do município. 

Homens foram investigados e detidos pela polícia, mas não houve à época como comprovar o envolvimento de qualquer um deles nos assassinatos. O caso ganhou grande repercussão no Brasil e, em abril de 2006, os investigadores chegaram até Martins. 

Ele foi preso depois que a polícia conseguiu detectar suas características físicas em um retrato falado descrito por uma mulher que teria fugido depois de ser abordada pelo suspeito. Na casa dele, a polícia encontrou uma calcinha, identificada pela filha de uma das vítimas como pertencente a sua mãe desaparecida. 

À época em que foi capturado, Martins confessou ter cometido todos os crimes mas, nos últimos anos, negou a autoria e explicou à Justiça que teria sido influenciado para assumir sua responsabilidade nos casos. 

Poucos dias após ser pego, o homem foi levado para participar da reconstituição dos crimes. Moradores do município acompanharam de perto a montagem das cenas e muitos vaiaram a presença do suspeito e o acusaram sob gritos de "maníaco". 

O delegado Wagner Pinto de Souza, da Divisão de Crimes contra a Vida, à frente do caso quando a história explodiu, contou que o modus operandi do suspeito era sempre o mesmo. Ele vigiava suas vítimas enquanto andava de bicicleta pela cidade, sempre à espera de uma oportunidade para convidá-las para um passeio e levá-las a lugares distantes. 

Em matagais afastados da zona urbana, o homem as espancava até a morte, muitas vezes munido com pedras ou pedaços de madeira. Depois de mortas, ele as estuprava. 

Uma das linhas seguidas pela investigação da Polícia Civil ainda em 2006 apontava para a especulação de que ele as matava como parte de um ritual, cujo objetivo era oferecer a alma das vítimas a uma entidade. Outra aponta que as vítimas eram atraídas sob a promessa de serem pagas pelo passeio.

Quanto a crueldade de estuprar suas vítimas já mortas, o homem teria contado ao delegado que sofria problemas para se relacionar com as mulheres e, como era impotente, esperava assassiná-las para abusá-las. 

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