Em meio à pandemia

Médico oferece atestados em BH para que pessoas não usem máscaras contra a Covid

Pelas redes sociais, o profissional postou que emitiu 20 atestados em um dia alegando que eram para pessoas com problemas com a proteção; CRM apura conduta

Por Natália Oliveira
Publicado em 27 de outubro de 2020 | 20:45
 
 
Postagens foram feitas nesta segunda-feira Foto: Reprodução/Twitter

O Conselho Regional de Medicina (CRM) apura a conduta do médico Sérgio Marcussi, de Belo Horizonte, que estava anunciando pelas redes sociais a emissão de atestados para os pacientes não usarem máscaras de proteção contra o novo coronavírus (Covid-19). "A luta diária, fiz 20 atestados desses. Vamos disseminando!", publicou o médico em sua conta do twitter.

Nas postagens, alguns internautas interagem com o médico, que os orienta a irem na clínica para conseguirem o atestado. Um paciente mostra o atestado e diz que conseguiu não usar máscara no aeroporto. Em uma outra postagem, Marcussi diz: "Melhor que ser retardado usando máscara. kkkk." Já em outra ele destaca. "Está é a solução para você se livrar da focinheira. Eu chamo de cabresto também".

Médico diz que atestados são para quem tem problemas de saúde usando a proteção

O profissional é ginecologista, obstetra e nutrólogo e tem uma clínica na Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Por meio do Instagram, o médico fez alguns vídeos dizendo que o atestado é para pessoas que têm cefaleia, ou seja, dor de cabeça, ou algum outro sofrimento patológico quando usam as máscaras. 

"Não há distribuição de atestado, nunca teve. Todos os atestados são precedidos de uma consulta médica. A questão da cefaleia é uma das envolvendo (a entrega do atestado). Tem outras questões". O médico citou que na lei está previsto que, se a pessoa tiver uma condição que a impeça de usar a máscara e que precisa de um atestado médico, ela pode ser liberada da proteção.

Marcussi afirma também que ele mesmo tem dor de cabeça quando usa a máscara. No Instagram dele, há imagens do médico indo a um supermercado com o atestado de que ele não pode usar a proteção. 

Em resposta enviada pelo WhatsApp a O TEMPO, o médico afirma que "a reportagem que vocês [se referindo ao jornal] colocaram no ar não tem nenhuma correlação com a veracidade dos fatos". "Não dou entrevistas porque isso não é matéria para reportagem nenhuma, não é notícia. Informar a população que existe uma lei apenas não é notícia", completou.

O uso de máscara de proteção é uma medida sanitária exigida em Minas Gerais e em todo Brasil por causa do combate à pandemia do novo coronavírus.   

Por meio de nota, o CRM informou que apura o caso e deu orientações de como as denúncias podem ser feitas:

"O Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG)  apura denúncias formais,  de ofício e de conhecimento público,  de acordo com os trâmites estabelecidos no Código de Processo Ético Profissional (CPEP), e os  procedimentos correm sob sigilo.  As denúncias formais devem ser feitas por escrito e, se possível, conter o relato detalhado dos fatos e identificação completa dos envolvidos. Precisam ser assinadas e documentadas. Podem ser entregues na sede do CRM-MG em BH ou nas regionais, no interior do estado; enviadas por correio ou para o e-mail processos.crmmg@portalmedico.org.br. Todos os documentos e imagens devem ser legíveis. Não são aceitas denúncias anônimas."

Em nota enviada à imprensa nesta quarta-feira (28), o CRM informou que tomou conhecimento do caso por meio da imprensa e que "iniciará os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos, em conformidade com o Código de Processo Ético Profissional (CPEP)". Relatou ainda que o processo correrá em sigilo.

No comunicado, o conselho reforça ainda as orientações das autoridades sanitárias como o uso de máscara e distanciamento social.

Matéria atualizada às 12h17