No último ano, Minas Gerais registrou uma média de seis estelionatos por hora cometidos pelas redes sociais. Segundo um levantamento realizado pela Coordenadoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos (Coeciber), do Ministério Público, os casos cometidos pelo Whatsapp e pelo Instagram já representam 40,7% do total de crimes de estelionato registrados em todo o Estado. Em 2022, foram contabilizados 52.512 casos do tipo em Minas Gerais.
De acordo com o levantamento, pelo menos 9.462 casos de invasão de aparelhos celulares, tablets e computadores também foram registrados no Estado no último ano, sendo que quase metade dessas invasões (49%) aconteceram pelo Instagram. Somente nove municípios mineiros não registraram crimes cibernéticos em 2022.
Embora os dados sejam assustadores, os números estão longe de demonstrar o aumento de crimes cometidos pela internet nos últimos anos. A estimativa das autoridades é que menos de 7% das vítimas registram os casos nos órgãos de segurança pública.
Para combater esses e outros crimes, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) anunciou, nesta terça-feira (7), a criação do Grupo de Atuação Especial de Combate aos Crimes Cibernéticos (Gaeciber). O grupo vai substituir a Coeciber, criada em 2008. A intenção é que o Gaeciber tenha mais promotores, policiais e novos equipamentos especializados em inteligência cibernética, dedicados à investigação desses tipos de crime.
"O grupo será voltado exclusivamente ao enfrentamento da criminalidade cibernética, que é o tipo de criminalidade que mais cresce no mundo. Esses crimes vêm crescendo em uma proporção assustadora, então, para que a gente possa dar uma resposta efetiva, não podíamos ficar restritos a um órgão criado em 2008. Havia necessidade de melhorias e expansão", explicou o promotor de Justiça Mauro Ellovitch.
Segundo ele, o novo grupo vai investigar golpes realizados pelas redes sociais, além de crimes que envolvam lavagem de dinheiro com o uso de criptoativos e disseminação de discurso de ódio na internet. O MPMG pretende ainda, com a nova estrutura, combater crimes de pornografia infantil e assédio sexual. "Internet não é terra sem lei. O criminoso na internet não é anônimo, ao contrário do que se acredita. A lei alcança os crimes praticados na internet sim", pontuou o promotor.
Golpe do Pix, Falso Leilão e Golpe do Crédito Consignado
Entre os principais crimes cometidos na internet, segundo o levantamento realizado pelo Ministério Público, estão os golpes envolvendo pagamento por Pix, falso leilão, além de fraudes com crédito consignado. Os crimes, que consistem em estimular a vítima a fazer um depósito com a promessa de que vai receber o valor em dobro, também estão na lista dos principais golpes cometidos por criminosos na internet. (Veja mais abaixo)
Na avaliação do promotor Mauro Ellovitch, o principal entrave em se investigar esses casos se dá devido, principalmente, à dificuldade de se ter acesso aos dados dos criminosos.
No último ano, segundo estatísticas da Global Anti Scam Summit de 2022, as fraudes online foram responsáveis por 20% a 30% de todos os crimes registrados no planeta. No Brasil, de acordo com estudo da Norton Security, cerca de 70 milhões de brasileiros sofreram algum tipo de ataque cibernético. O prejuízo estimado foi de R$ 32 bilhões no último ano.
"Temos várias dificuldades. A primeira, é a dificuldade em se obter dados dos provedores de aplicação na internet. Vários dados só são concedidos mediante ordem judicial, e muitas (empresas) não são colaborativas. Além disso, temos o desconhecimento desses crimes. Por isso, as delegacias precisam de alguma forma também se estruturarem para combater a criminalidade cibernética", afirmou Ellovitch.
Crimes cibernéticos
Saiba quais são os principais crimes cometidos na internet
- Golpe do Urubu: criminosos convencem as vítimas a transferirem uma quantia em dinheiro via Pix com a promessa que o valor será multiplicado. Dessa forma, os bandidos conseguem um volume alto de dinheiro e também dados privados dos envolvidos
- Golpe da Mão Fantasma: a vítima recebe uma mensagem dizendo que precisa realizar uma atualização de algum aplicativo, e ao clicar no link, o criminoso acessa seus dados remotamente
- Golpe do Intermediário: nesse golpe, o criminoso clona anúncios já existentes na internet para receber o pagamento do comprador interessado
- Golpe do Falso Leilão: os bandidos, clonam sites, com identificação e imagens parecidas com os verdadeiros, e oferece produtos com valores abaixo do mercado
- Golpe do Crédito Consignado: Através de ligações ou mensagens, os golpistas entram em contato com as vítimas como se fossem instituições financeiras, oferecendo empréstimo consignado com condições vantajosas
- Ramsomware: é um software de extorsão que pode bloquear o seu computador e depois exigir um resgate para desbloqueá-lo
- Grooming: Um adulto, se passa por outra criança, a fim de se aproximar de um menor de idade para obter fotos, vídeos e, em alguns casos, até mesmo o contato físico através de encontros presenciais
- Revenge Porn: é o crime de compartilhar imagens e vídeos íntimos, geralmente de ex-companheira (o), sem consentimento
- Cyberstalking: é a perseguição ou o assédio realizado virtualmente