Pandemia

Minas já registrou 67 surtos e 64 mortes por síndrome respiratória em asilos

Foram verificados sintomas da Covid-19 entre as vítimas, mas laudos com confirmação da causa das mortes dos idosos podem demorar até 60 dias

Qui, 13/08/20 - 14h59
Em BH, apesar do alerta do coronavírus, idosos seguem com rotina de caminhada na Praça da Liberdade | Foto: Ramon Bitencourt

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Minas Gerais já registrou 67 surtos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) possivelmente associadas ao novo coronavírus (Covid-19) em Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIs) de 48 municípios. A informação é da Secretaria de Estado de Saúde (SES), e os dados foram contabilizados de janeiro até a última segunda-feira (10). 

Ainda de acordo com a SES, 64 idosos que moravam em lares de 18 municípios morreram com a síndrome, sendo que em alguns casos havia sintomas da Covid-19. No entanto, de acordo com a Assessoria de Imprensa da Secretaria, os laudos confirmando o óbito pela doença podem demorar até 60 dias para ficarem prontos. Por isso, a Saúde classifica como possivelmente associada à doença, já que nem todos esses óbitos têm ainda a confirmação do novo coronavírus. 

A cidade que tem mais surtos em lares de idosos é Belo Horizonte, com oito registros, mas nenhuma morte. Já Alfenas, no Sul de Minas Gerais, foi a cidade que registrou mais óbitos. Apesar de ter apenas um surto, foram 16 idosos mortos pela síndrome e com confirmação para a Covid-19, segundo o município. Alfenas tem, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, 22 mortes na cidade pelo coronavírus, ou seja mais da metade ocorreu somente em um asilo. 

As cidades de Unaí, no Noroeste de Minas, e de Piranga, no Triângulo Mineiro, registraram seis mortes de idosos cada uma e um surto cada uma também. “A SES-MG, em conjunto com as Secretarias Municipais de Saúde, tem adotando as medidas de prevenção e controle para cada surto notificado, a fim de impedir a propagação do vírus”, informou a secretaria por nota. 

Nesta quarta-feira (12), a Associação de Docentes da Universidade Federal de Ouro Preto (Adufop) divulgou uma nota preocupada com a situação dos asilos da região Central do Estado, principalmente nas cidades de João Monlevade, Ouro Preto e Mariana. Na nota, a associação fala em 19 pessoas de um lar de idosos de Ouro Preto contaminados pela Covid-19 e informou que haveria uma morte. 

Nos dados divulgados pela SES, Ouro Preto registra um surto, 30 casos notificados e nenhuma morte. Em João Monlevade foi identificado um surto e nenhuma morte, e Mariana não tem surtos nem mortes. A reportagem de O TEMPO procurou lares onde houve mortes nas cidades mais afetadas, e funcionários confirmam as contaminações e as mortes, mas preferem não comentar o ocorrido.

Cuidados triplicados 

O infectologista Leandro Cury explica que os cuidados em casas de repousos e asilos devem ser multiplicados em relação a outras instituições, já que as pessoas com mais de 60 anos são mais vulneráveis ao novo coronavírus. “As normas de higienização precisam ser rigorosas, não só pelo regimento de cada instituição, mas seguindo as normas da Anvisa em cuidados com esses pacientes”, analisa o especialista. 

Ele disse ainda que é preciso lembrar que os funcionários que chegam aos lares de idosos muitas vezes vão de ônibus. “Deve se ter uma higienização constante. Os servidores que lá trabalham devem usar máscaras de proteção e luvas para manipular os pacientes. A higienização das mãos tem que ser muito reforçada nesses casos. A ventilação do local tem que ser muito adequada, e, diante de qualquer suspeita de Covid-19, o paciente tem que ser isolado e testado. O ideal é que se teste toda a população daquela casa e daquela instituição para avaliar se existem outros infectados que precisam ser isolados”, concluiu.

Surto

A Secretaria explicou que o surto de síndrome respiratória aguda associado ao coronavírus indica uma transmissão potencialmente extensa dentro de um ambiente restrito ou fechado.

“As investigação de surto envolvem várias intervenções epidemiológicas e assistenciais de casos suspeitos/sintomáticos e seus contatos próximos. Consideramos como a finalização do aglomerado de casos/surto quando decorrido de 42 dias (três ciclos de 14 dias) sem a presença e/ou aparecimento de um novo caso sintomático após a definição de aglomerado de casos/surto na unidade/serviço”, concluiu. 

Veja as cidades onde foram registrados surtos:

Alfenas 
Belo Horizonte 
Betim 
Bonfinópolis de Minas 
Borda da Mata 
Campos Gerais 
Careaçu 
Carmo do Cajuru 
Contagem
Corinto 
Curvelo
Divino 
Felixlândia 
Gouvêa
Governador Valadares
Guapé 
Ingaí 
Ipatinga
Itaguara
Jaboticatubas
João Monlevade
Juiz de Fora 
Lagoa da Prata
Lavras 
Lima Duarte 
Manga
Manhumirim 
Martinho Campos 
Matias Barbosa 
Muriaé 
Natércia
Nepomuceno 
Ouro Preto
Pará de Minas
Paraguaçu
Piranga 
Piumhi
Porto Firme 
Pouso Alegre 
Rio Espera
São Gotardo
Taiobeiras
Timóteo 
Três Corações 
Tupaciguara
Ubá
Uberlândia 
Unaí

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