Bairro Flamengo

Moradores de lote em Contagem estão praticamente ilhados após barranco ceder

Famílias estão preocupadas com a segurança de crianças que também residem no lote; parte do barranco ainda ameaça deslizar nas próximas horas

Sex, 24/01/20 - 11h41
Barranco começou a ceder ainda no domingo (19), quando fortes chuvas atingiram Contagem | Foto: Arquivo Pessoal

Quatro famílias estão praticamente ilhadas, escondidas no interior de suas casas após parte de um barranco ceder e cair sobre um córrego no lote onde estão suas residências no bairro Flamengo, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Se ceder totalmente, o barranco pode ainda levar consigo paredes do cemitério do Flamengo.

Desde as primeiras horas da manhã, os dez moradores do lote – onde também residem crianças pequenas – observam aos poucos o barranco cair cada vez mais, preocupados que o restante da terra se desprenda nas próximas horas e os isole completamente em suas casas. As precipitações ininterruptas que atingem a região causam o encharcamento do solo desde essa quinta-feira (23), um fator que contribui para acidentes geológicos – como quedas de muro, desabamentos e deslizamentos de terra.

Os primeiros pedaços do barranco começaram a cair sobre o córrego que corta o quintal do lote ainda na tarde do último domingo (19), quando uma forte tempestade atingiu Contagem e causou estragos seríssimos ao município. Incontáveis famílias precisaram ser retiradas às pressas de suas casas, com o risco de que uma grande tragédia humana acontecesse. A Vila Barraginha foi um dos pontos mais afetados da cidade. 

Nos primeiros dias da semana, a situação do barranco se tornou novamente estável mas, com as fortes pancadas que atingem a região metropolitana desde essa quinta-feira (23), voltou a deslizar em direção ao córrego. A fotógrafa Priscila Silva Medeiros, 33, acordou assustada temendo que pudesse ficar ilhada em sua casa, onde vive com o marido de 42 anos e a filha pequena de 7 anos. 

"Hoje o barranco deslizou todo, com a chuva. Tampou o córrego que passa na frente do barranco, caiu tudo no córrego, árvore, bananeira... Tem só um pedacinho pra nós entrarmos e sairmos de casa, bem fininho, questão de um metro mais ou menos para passar", conta bastante preocupada.

Ao lado do imóvel onde vivem, residem ainda outras três famílias que também têm crianças pequenas e estão preocupadas com a situação e temendo que uma tragédia possa acontecer. "Eu estou desesperada. A situação aqui está crítica. Desde 6h da manhã estamos apreensivos, monitorando a área". Segundo ela, a qualquer momento o barranco pode ceder completamente e, então, atingir a casa onde estão todos. 

Seu marido, o pintor Daniel Roque de Medeiros de 42 anos arriscou que, cerca de três metros do barranco, já desabou sobre o córrego. "Está formando uma espécie de poça, tem risco de deslizar o resto ainda. Nós estamos esperando o retorno da Defesa Civil. O barranco é bem perto do cemitério, tem chance do muro cair e atingir principalmente a nossa casa, que fica no segundo andar", aponta. 

A reportagem de O TEMPO procurou a coordenação da Defesa Civil de Contagem para saber se está previsto algum tipo de vistoria para o lote, com vistas a determinar se este é um lugar seguro ou não para os moradores, mas ainda não obteve retorno. 

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