Moradores do bairro Caiçara, na região Noroeste de Belo Horizonte, passaram o sábado colhendo assinaturas para um abaixo-assinado pelo fim das operações do Aeroporto Carlos Prates, que fica dentro da área residencial. Somente este ano, dois aviões caíram na rua Minerva e um total de cinco pessoas morreram e duas ficaram feridas.

De acordo com a vendedora Margarete de Souza Santos, de 51 anos, as assinaturas serão entregues ao Senado durante audiência federal que irá discutir o problema em Brasília, às 14h do dia 26 deste mês. No dia 7 deste mês, o aeroporto foi pauta em audiência pública na Câmara Municipal de Belo Horizonte, com participação dos donos do aeroclube e representante da Infraero.

“Não queremos que aconteça de novo o mesmo problema que tivemos por duas vezes”, disse a vendedora. “Não podemos deixar que caia outro avião novamente”, reagiu ela.

Durante a entrevista, três aviões passaram sobre os prédios da rua  Francisco Bicalho, onde as assinaturas estavam sendo colhidas. “Toda vez que passa um avião baixinho, a gente entra em pânico. As pessoas estão assinando o abaixo-assinado porque não aguentam mais o barulho de avião que começa às 8h das manhã”, disse Margarete.

A vendedora presenciou os dois acidentes e conta que está traumatizada. “O primeiro avião caiu a cerca de 50 metros. O piloto tentou pousar em um lote vago e, infelizmente, a asa do avião ficou presa na fiação do poste, embicou e explodiu. O piloto morreu. A imagem é horrível” lembra Margarete. 

O segundo acidente foi pior, segundo ela. “Envolveu três carros e deixou quatro mortes e dois feridos”, lamentou Margarete. “Além de olhar para a rua, para não ser atropelado por um carro, quem mora no Caiçara também olha para o céu para ver se não vai cair um avião em cima dela”, reagiu a moradora.

A professora Carla Cristina Lopes, de 51 anos, conta que no sábado a movimentação de aviões é maior. “É quase um avião a cada dois minutos. A proposta é a retirada do aeroporto para um local que não tenha tantas casas e prédios, como aqui. Queremos resgatar a nossa tranquilidade”, reagiu a professora. “A gente não tem mais segurança nem dentro de casa. Não precisa sair para a rua. Se estou dentro de casa, e escuto qualquer barulho de avião decolando do aeroporto, meu coração já bate na garganta”, reclamou.