Morreu, na madrugada desta segunda-feira (3), mais um paciente internado em Belo Horizonte com sintomas de intoxicação por dietilenoglicol – substância tóxica encontrada pela perícia da Polícia Civil em lotes de bebidas da Cervejaria Backer.
João Roberto Borges, de 74 anos, permaneceu internado no Hospital Madre Teresa, no bairro Gutierrez, na região Oeste da capital mineira. A informação do óbito foi confirmada pela Polícia Civil de Minas Gerais e pelo a próprio hospital nesta manhã e, com isso, chega a 5 o número de mortos por suspeita de intoxicação pela cerveja em Minas Gerais. O corpo do paciente está no Instituto Médico Legal (IML).
Borges era juiz titular da 28ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) 3ª Região. O TRT informou que irá enviar uma nota de condolências à família do magistrado e aos servidores do tribunal.
À reportagem, o filho dele contou rapidamente por telefone que o pai se sentiu mal há algum tempo e precisou ser internado há aproximadamente 15 dias. Muito abalado pela morte trágica, o advogado completou apenas que a família tenta, agora, resolver os trâmites legais para buscá-lo no IML. Segundo ele, a situação é ainda mais complicada por estar relacionada com a cerveja contaminada.
O juíz teria apresentado o mesmo quadro sintomático de outros pacientes após ingerir cervejas da Backer – ao todo, 41 lotes das bebidas estariam contaminados. Entre as principais características da intoxicação por dietilenoglicol estão o aparecimento de problemas renais, até insuficiência completa, e alterações neurológicas, como cegueira parcial e completa.
Liberação
Os familiares de Borges que chegaram ao IML no fim da manhã desta segunda-feira e não falaram com a imprensa. A previsão é que o corpo seja liberado ainda nas primeiras horas da tarde.
Em investigação
Ao todo, há 30 casos de intoxicação pela substância sendo investigados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG). Para a Polícia Civil, contudo, constam 29 casos, incluindo os cinco óbitos. João Roberto Sales está entre esses casos suspeitos para a contaminação. Outras quatro pessoas não resistiram à gravidade do estado de saúde e morreram entre dezembro e o mês de janeiro.
Um dos óbitos está entre os quatro casos em que foi confirmada a presença de dietilenoglicol no sangue – trata-se de um bancário aposentado de 55 anos, internado na Santa Casa de Juiz de Fora, na Zona da Mata, que morreu em 7 de janeiro.
Além dessa substância tóxica, que a Backer nega usar em seu processo de produção da cerveja, também foi encontrado monoetilenoglicol em amostras colhidas da bebida na própria empresa. Não apenas, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que está envolvido na força-tarefa para investigar o caso, declarou ter encontrado o dietilenoglicol também na água da fábrica da Backer, na região Oeste de Belo Horizonte.
A empresa responsável por fornecer o monoetilenoglicol para a Backer (o líquido anticongelante é usado em tonéis de cerveja) também está sob investigação.
A Polícia Civil informou que ainda não há previsão para conclusão do inquérito do caso. A corporação chegou a pedir a exumação de um dos corpos, de uma mulher de Pompéu, mas ainda aguarda decisão judicial.
Nota Backer
Por nota, a cervejaria Backer lamentou a morte de José Roberto Borges. A empresa afirmou que ainda não se pode concluir a ligação da cerveja com a intoxicação por dietilenoglicol. A Backer ainda reforçou que presta total colaboração com as investigações e esá disponível em ajudar todas as famílias das vítimas de intoxicação. Veja na íntegra o que disse a cervejaria:
Em relação às mortes ocorridas por suspeitas de intoxicação por dietilenoglicol, a Backer compartilha da dor dos familiares das vítimas e, ainda que inconclusas as investigações sobre o acontecido, continua prestando o suporte necessário a todos os atingidos. A cervejaria tem acolhido essas pessoas e prestado atendimento psicossocial. Inclusive, na semana passada, por iniciativa própria, a empresa recorreu ao Ministério Público para ampliar ainda mais o suporte prestado às famílias dos atingidos. A Backer, como a maior interessada em saber o que de fato aconteceu, está tomando todas as providências para elucidar a questão e, embora não se tenha chegado a uma conclusão definitiva sobre o ocorrido, jamais deixou de colaborar com as investigações.
Atualizada às 12h56