Vinte e sete dias após a morte da filha Lorenza Maria Silva de Pinho, 41, o aviador aposentado Marco Aurélio Silva não desgrudou do telefone à espera de uma ligação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que, nesta quinta-feira (29), confirmaria a ele se a filha morreu por intoxicação ou se foi morta pelo marido, o promotor André Luis Garcia de Pinho, 51. Lorenza foi a óbito no último 2 de abril no apartamento que dividia com o marido e com os cinco filhos do casal, no bairro Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte. André acabou detido dois dias depois, suspeito de feminicídio.
Contrariando a expectativa inicial da família de Lorenza e da equipe de advogados do promotor, a conclusão da investigação com a revelação de detalhes do laudo pericial não aconteceu nesta quinta-feira (29). Estimativa inicial que perdurou no decorrer de toda a tarde indicava que documento feito pela perícia sobre a morte da mulher seria divulgado após 17h. Às 19h49, contudo, o procurador-geral Jarbas Soares Júnior, responsável pela apuração, informou por meio de sua página no Twitter que os resultados da investigação serão divulgados apenas na tarde de sexta-feira (30). “Nesta noite lerei o relatório e analisarei os laudos. Que Deus nos ilumine”, escreveu em seu perfil.
O adiamento da exposição da conclusão do laudo pericial pelo Ministério Público frustrou o pai de Lorenza, que, à noite de quinta-feira, ainda não havia sido comunicado sobre a mudança na data. “Ainda não fui informado sobre a troca da data da divulgação do resultado do laudo que vai apontar a morte da minha filha. Estava aqui esperando a ligação. Estou muito ansioso, quero saber como minha filha morreu”, disse o aviador Marco Aurélio Silva.
Denúncia de feminicídio
Fontes ligadas à investigação revelaram a O TEMPO, na tarde de quinta-feira, que o Ministério Público vai oferecer à Justiça denúncia contra o promotor André de Pinho pelo feminicídio de Lorenza Maria Silva de Pinho. De acordo com as informações obtidas, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) atestou a existência de lesões internas graves no corpo da mulher – evidência que, segundo fontes, corrobora a hipótese de assassinato.
A versão é alvo de contestação por parte dos advogados à frente da defesa do promotor de 51 anos. “É um absurdo essa informação que está sendo repassada pela mídia sobre Lorenza ter sido morta esganada. Essas fontes não viram o laudo correto do Ministério Público. É uma irresponsabilidade afirmar algo que você não viu e não tem conhecimento técnico para analisar. Estou decepcionado e indignado”, desabafou o advogado de Pinho, Robson Lucas Silva.