Mata atlântica

MPF exige que Tamisa tenha autorização para retirar vegetação na serra do Curral

Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação contra mineradora para que informe ao Ibama intenção de suprimir mata atlântica em MG; estado tem apenas 11,6% da vegetação original do bioma

Ter, 31/05/22 - 14h25
Serra do Curral | Foto: Fred Magno / O Tempo

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O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação exigindo que a Taquaril Mineração (Tamisa) peça autorização ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para realizar qualquer corte de vegetação na serra do Curral. Segundo o MPF, o planejamento de supressão deve ser informado ao órgão nacional sempre que a atividade ocorrer em área de mata atlântica e independe de licenciamento ambiental. 

Em Minas Gerais, segundo o MPF, há apenas 11,6% da área original de mata atlântica e boa parte dessa vegetação está onde a Tamisa pretende instalar o complexo minerário. Na serra do Curral há três tipos de remanescentes do bioma: Floresta Estacional Semidecidual, Savana e Campos Rupestres. Neste último há espécies endêmicas do estado, que não existem em outras regiões do país.

A atividade deve “afetar negativamente a fauna e a flora locais, com repercussão em corpos d’água, qualidade do ar, estabilidade geológica e composição da paisagem”, como reforça o ministério.

Abrangência

Em 13 anos de atuação, o projeto deve extrair e beneficiar 31 milhões de toneladas de minério de ferro. Para isso, será preciso suprimir 101,24 hectares - o equivalente à área de cem campos de futebol.  

Reportagens de O TEMPO mostraram, logo após a aprovação do projeto pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), os impactos para o meio ambiente, caso o empreendimento de fato se instale na serra do Curral. 

No local onde deve ser implantado o complexo minerário há pelo menos 1.109 espécies de flora, sendo 121 delas ameaçadas de extinção. A informação está no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), publicado pela própria empresa em seu site. Algumas das espécies são usadas para fins medicinais, como a arnica, a copaíba e a carqueja.  

No relatório, a empresa afirma que, só nos primeiros quatro anos de implantação da mineradora, com lavra a céu aberto, haverá alto impacto com redução da vegetação. A fauna também será afetada, especialmente na segunda fase do projeto, com 526 espécies animais ameaçadas

“Redução do número de indivíduos das populações vegetais nativas; fragmentação florestal e aumento do efeito de borda; perda de biomassa; alteração da conectividade da paisagem; redução do número de animais da fauna e alteração das comunidades de dípteros vetores de endemias e das comunidades aquáticas” estão entre os desdobramentos elencados pelo MPF para entrar com a ação civil pública contra a mineradora. 

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