“Eu não sei por onde começar. Estava tudo pronto, só esperando por ele. Agora, quero justiça”, afirmou Franciele Vieira dos Santos, de 35 anos, que deu à luz no dia 4 de novembro um bebê morto. Ela precisou induzir o parto enquanto esteve internada na maternidade Odete Valadares, na região Oeste de Belo Horizonte, depois de um aumento significativo da pressão arterial. A mãe de primeira viagem alega uma sucessão de condutas da unidade hospitalar, que segundo ela, foram inadequadas e que podem ter provocado a morte da criança. A Polícia Civil investiga o caso.
“Minha gravidez era de alto risco, tive pressão alta, por isso, fazia acompanhamento médico. No dia 25 de outubro, por volta de 23 horas, minha bolsa rompeu. Saiu muito líquido, molhou minha cama e o carro, e teve sangue também. Cheguei na maternidade e o médico plantonista que me atendeu, que é residente, não me examinou direito, fez o exame de toque, ouviu o coração do bebê e disse que estava tudo bem, que eu podia ir para casa”, contou. Segundo a mulher, o hospital não realiza ultrassons após às 20h. “Ele não me deu pedido para fazer em outro local, nem me encaminhou para outro local. Confiei nele, nunca tive filho”, disse.
Procurado, o hospital, por meio da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), disse que a paciente Franciele Vieira iniciou acompanhamento de pré-natal de alto risco na maternidade Odete Valadares no dia 9 de outubro, devido ao diagnóstico de hipertensão arterial. De acordo com a fundação, a paciente não compareceu à terceira consulta, agendada para o dia 23 daquele mês, retornando à urgência da unidade apenas na madrugada do dia 25, queixando-se de perda de líquido recente.
Ainda segundo a nota da Fhemig, na ocasião, foram realizados exames e procedimentos necessários, que Franciele foi colocada em observação até ser constatado que a “gestação estava dentro da normalidade, atendendo aos critérios de segurança previstos nos protocolos clínicos da instituição.”
De volta à maternidade
Passados dez dias desde a consulta médica, Franciele relatou que se sentiu mal novamente e procurou um posto de saúde próximo à sua casa, no bairro São Gabriel, região Nordeste da Capital. “Cheguei lá e minha pressão estava 16 por 10. O médico disse que era pré-eclâmpsia e me mandou pra maternidade. Chegando lá, vários médicos me consultaram. Veio um, depois outro. Questionei o que estava acontecendo, mas não me disseram. Uma pessoa me disse: ‘seu bebê pode estar escondidinho’. Depois do ultrassom, me disse que infelizmente ele estava morto e que eu iria precisar induzir o parto. Meu mundo acabou”, completou.
A Fhemig disse que orientou à paciente que “ficasse atenta à movimentação fetal e que retornasse à unidade prontamente devido à necessidade de acompanhamento semanal”.
No dia seguinte ao óbito, Franciele e a família registraram um Boletim de Ocorrência na Polícia Militar e o caso foi encaminhado à Polícia Civil. Por meio de nota, a PC disse que um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias do fato.
“Se houver uma comprovação de que o hospital errou, quero que seja feita justiça. Meu sonho foi interrompido”, finalizou.