Súplica

'Não quero morrer': testemunhas contradizem família sobre caso Daniel

Quatro pessoas ouvidas pela Polícia Civil relataram versões diferentes das apresentadas pelos suspeitos do crime

Por Da redação
Publicado em 07 de novembro de 2018 | 18:24
 
 
MP-PR denuncia sete pessoas pela morte do ex-Cruzeiro Daniel Foto: Rubens Chiri/São Paulo

Testemunhas ouvidas pela Polícia Civil de São José dos Pinhais, na última terça-feira (6), contradisseram os relatos da família Brittes apresentados às autoridades. Os depoimentos foram obtidos pela RPC Curitiba, TV afiliada da Rede Globo no Paraná, e mostram versões opostas às daquelas apresentadas por Edison Júnior Brittes Júnior e Cristiana e Allana Brittes.

Uma das testemunhas contou à corporação que não ouviu Allana nem Cristiana pedindo para que Júnior parasse de agredir Daniel, mas que escutou reclamações de uma "voz sofrida" implorando: "alguém me ajuda, eu não quero morrer, socorro"

Ela relatou ainda que viu quando Edison pegou uma faca e se dirigiu ao carro que levou Daniel para o matagal. Nesse momento, o jogador ainda respirava. Em um dos trechos dessa testemunha, ela relata: "(...) disseram: isso que acontece com quem mexe com mulher de bandido".

As quatro pessoas ouvidas pela Polícia Civil afirmaram que não viram a porta do quarto do casal arrombada e que Júnior deixou a casa por volta das 8h em busca de bebida.

Contradições

Uma segunda testemunha ouvida pela Polícia disse que tentou ligar para o Samu quando Daniel era agredido, mas foi impedido por Júnior. Ela reforçou que não viu a porta do quarto do casal arrombada, ao contrário do que Júnior relatou à Polícia.

"Afirma ainda que não viu presenciou alguém arrombando a porta do quarto e que não notou sinal de arrombamento neste e nem mesmo ouviu algo do tipo. Após cerca de cinco minutos a porta do quarto foi aberta e saíram do quarto pela porta, pelo que viu apenas Edison, o qual arrastava pelas mãos o corpo de Daniel, vestindo camiseta e cueca, o qual foi levado até a entrada de garagem, sendo deixado no chão, sendo que ele ainda se mexia, mas não falava nada", diz trecho do depoimento apresentado por ela.

Outra pessoa ouvida pela polícia contou que também foi impedida por Júnior de intervir na briga. A testemunha relatou que Júnior pediu para que ela contasse a mesma versão: a de que Daniel havia saído a pé de casa.

Por fim, uma quarta testemunha confirmou que Júnior saiu às 8h para comprar bebidas e que não viu sinal de arrombamento na porta. Ela relatou que ainda ouviu Cristina dizendo "não deixa pra matar ele aqui dentro de casa".

"Cristiana disse: não deixa pra matar ele aqui dentro de casa. Porém ninguém disse mais nada, já que estavam espantados. Que Allana estava bem nervosa, andando pra lá e pra cá, e em conversa com a mãe Cristiana, ela disse: você sabe como é o seu pai", relata trecho de depoimento apresentado à Polícia Civil. 

O caso

Daniel Correa Freitas, de 25 anos, foi encontrado morto, no dia 28 de outubro, em uma área rural conhecida como Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, e o corpo foi velado e enterrado em Conselheiro Lafaiete, onde moram os familiares do jogador de futebol.

No dia 31 de outubro, a Polícia Civil ouviu Edison Brites Júnior, principal suspeito do assassinato de Daniel. A corporação chegou até ele depois de uma testemunha ter afirmado que o jogador e mais seis pessoas estavam em uma boate de Curitiba e depois foram para a casa do suspeito do crime.

Segundo ela, Daniel foi espancado por quatro pessoas em um dos quartos da casa e pedia para não ser morto. De acordo com o advogado da testemunha, o autor do crime procurou as pessoas que estavam na casa para conversar e tentar mudar as versões da história. Na data, a principal suspeita era a de que o jogador teria se envolvido com a esposa do empresário.

Posteriormente, a Polícia Civil divulgou que o crime aconteceu depois da festa de 18 anos de Allana. A comemoração começou em uma casa noturna, no dia 26 de outubro, e se estendeu até a manhã seguinte, na casa da família. Daniel foi espancado na casa e depois levado para um matagal, onde o corpo foi encontrado.

Carreira

Daniel fez sua estreia no futebol no Cruzeiro, mas foi só em 2013, no Botafogo, que jogou profissionalmente pela primeira vez. O meio-campista chamou atenção no time carioca ao marcar cinco gols em 28 jogos do Campeonato Brasileiro do ano seguinte.

Em 2015 foi contratado pelo São Paulo, mas o jogador não rendeu o esperado com a camisa tricolor, onde somou apenas 16 jogos sem marcar nenhum gol. Daniel, foi então emprestado ao Coritiba, mas uma tendinite no joelho direito, o tirou mais cedo dos campos.

O meia retornou a São Paulo, foi emprestado para a Ponte Preta em 2018, mas o desempenho não agradou e Daniel foi cedido ao São Bento, time pelo qual ainda vestia a camisa.