A Polícia Civil divulgou, nesta segunda-feira (25), detalhes da investigação do caso de mãe e filho que foram assassinados na altura de Itabirito, na região Central do Estado. O suspeito do crime é o pai do menino, e a possibilidade de que ele tenha cometido o crime para "se livrar" do bebê não é descartada. O garotinho tinha paralisia cerebral, e os pais tinham conflitos em relação à revisão de pensão alimentícia. 

Fiama Antônia de Freitas Marchado, de 25 anos, e o pequeno David Lucca, desapareceram no dia 9 de setembro após a mulher aceitar carona do pai do menino, de 29. Eles saíram da cidade de Tombos, onde mãe e filho viviam, com destino a Belo Horizonte, onde a criança estava com uma consulta marcada.

"Em um primeiro momento, ele disse que trouxe Fiama e o filho deles para Belo Horizonte e os deixou perto do BH Shopping. Pedimos a prisão temporária desse indivíduo. Ele alega que discutiu com a mãe da criança durante o trajeto, ocorreram agressões físicas, ela teria colocado o dedo no olho dele. Na fala do investigado, ele disse que não conseguiu se controlar, pegou um canivete dentro do veículo e esfaqueou Fiama no pescoço. Acreditando que ela já estava morta, tirou o corpo do carro, jogo gasolina e ateou fogo", explicou a delegada Maria Alice Faria, chefe da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida. A polícia não divulgou o motivo específico do atrito dentro do veículo. 

O corpo foi encontrado em uma área rural de Itabirito, próximo à BR-040, em meados de setembro. Ele estava parcialmente carbonizado e só foi identificado como sendo de Fiama em novembro. 

"O suspeito alegou que, dentro do carro, o filho passou passou mal por mais de uma vez, teve crises de convulsões e ficou desfalecido. Após ter colocado fogo no corpo de Fiama, andou mais cinco quilômetros até entrar em outra estrada vicinal. Ele alega ter retirado a criança do carro ainda desfalecida, depois subiu em um barranco e jogou o corpo em uma mata. Tecnicamente, não temos como confirmar se a criança estava viva quando foi jogada, uma vez que só encontramos ossada. Mas nós temos probabilidade", detalhou a policial.

Os restos mortais do bebê foram encontrados na última sexta-feira (22), quando o próprio pai apontou o local onde havia deixado. 

Problemas

Segundo a Polícia Civil, várias podem ser as motivações dos crimes.

"Os dois eram jovens e estavam em situação de conflito exatamente por causa da atenção que ela cobrava desse pai da criança. Ela sempre cobrava a presença dele, a mãe precisava de um apoio emocional e financeiro devido à situação do filho. E também havia um processo em andamento de revisão de pensão alimentícia", contou Maria Alice. 

Crimes premeditados

A Polícia Civil não descarta também que os crimes contra mãe e filho tenham sido premeditados.

"Na vinda de Tombos para Belo Horizonte, possivelmente, o percurso não foi o usual. Na viagem para Belo Horizonte, a Fiama chegou a mandar uma mensagem para outra pessoa dizendo que estava muito nervosa porque não reconhecia o caminho que estavam passando. Tem também a questão da gasolina, que ele estava transportanto e é proibido. Ele diz que levava a gasolina por receio que o combustível acabasse no meio do caminho", contou a delegada.

Homem mandava mensagens se passando pela vítima

A família de Fiama registrou o boletim de ocorrência de desaparecimento no dia 20 de outubro, uma vez que o homem estava se passando pela vítima através de envio de mensagens de WhatsApp.

"O curso das investigações transcorreu de forma rápida a partir do momento que nós tivemos as informações para que tudo pudesse ser desvendado. De fato o que aconteceu também foi um atraso da investigação em razão das circunstâncias em que o suspeito mandava mensagens para a família se passando por ela", contou Maria Alice.

Bebê

À polícia, o suspeito disse que o filho nasceu prematuro, de seis meses, o que teria desencadeado os problemas de saúde da criança.

O homem pode responder por duplo homicídio doloso com as qualificadoras, dentre elas o feminicídio, e ocultação e destruição de cadáver.

 

Matéria atualizada às 14h03