Diante da baixa taxa de vacinação das crianças em Belo Horizonte, há o outro lado da moeda: pais que tentam antecipar a convocação da prefeitura para imunizar seus filhos. Para evitar perda de doses, a Secretaria Municipal de Saúde está vacinando pequenos ainda não convocados ao fim do expediente dos centros de saúde. 

De acordo com a pasta, não se trata de uma “xepa da vacinação”. “A orientação para as equipes de vacinação é que, para não haver perda de imunizantes, ao final do dia, caso haja doses remanescentes, elas devem ser aplicadas nos acamados ou no público com idade imediatamente inferior aos já convocados”, explica a prefeitura em nota.

Rossine Gonçalves levou os filhos Heitor e Verônica, de 10 e 8, para vacinar antes da convocação. Os dois já estão imunizados contra a Covid-19 desde 20 de janeiro.

Eles receberam a dose em uma escola do Bairro Ouro Preto, na Pampulha. “Eu cheguei lá uns 10 minutos antes de fechar. A profissional de saúde perguntou se tinha criança de 11 anos (essa faixa etária era prioritária) para vacinar, porque nem todos dessa idade tinham sido convocados. Depois, os de 10 e os de 9. Assim por diante”, diz o pai.

Rossine disse que a decisão foi acertada, pois Verônica não teria recebido a vacina até hoje se não fosse essa antecipação. Isso porque a prefeitura só aplica, no momento, injeções naqueles entre 11 e 9 anos, no caso das crianças sem fatores de risco. 

“Olhe quantos dias consegui ‘ganhar’ com isso. Vejo como uma decisão acertada para não perder essas vacinas”, afirma Rossine Gonçalves. 

Na prática, essa antecipação acontece porque as ampolas não podem ser guardadas depois de abertas. No caso da vacina da Pfizer e da CoronaVac, por exemplo, cada frasco rende 10 aplicações.

Portanto, se um frasco for aberto e vacinar apenas uma pessoa do público-alvo convocado, a Saúde municipal perderia nove aplicações. Para evitar o descarte do produto, a antecipação acontece.