Abusos sexuais

PC prende 4 suspeitos de estupro coletivo contra adolescente em ensaio de MC's

A adolescente foi estuprada por seis homens que ainda filmaram a ação, dois estão foragidos; a adolescente engravidou

Por Natália Oliveira
Publicado em 26 de junho de 2020 | 13:53
 
 
Mulheres de municípios próximos a Belo Horizonte, entre eles Contagem e Itabirito, também estão denunciando abusos através do Twitter Foto: Reprodução/Twitter

A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu quatro suspeitos de um estupro coletivo contra uma adolescente de 17 anos no Morro das Pedras, na região Oeste de Belo Horizonte, durante um ensaio de MC’s. O crime foi descoberto por ter resultado na gravidez da vítima. A adolescente foi estuprada por seis homens que ainda filmaram a ação, dois estão foragidos.

As prisões são fruto da 1ª fase da Operação “Exposed” que faz referência a hashtag utilizada por muitas mulheres para denunciarem abusos sexuais pela rede social Twitter. O caso foi apresentado nesta sexta-feira (26). 

De acordo com a delegada Elenice Batista Ferreira, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad)  de Belo Horizonte, o crime ocorreu em novembro do ano passado e a denúncia à Polícia Civil foi feita em dezembro, também de 2019, depois que a adolescente descobriu que estava grávida. Ela não contou sobre o crime antes por que não disse para a mãe que tinha ido ao local onde ocorreu o estupro e estava com medo. No entanto, ao ser constatada a gravidez ela foi obrigada a falar a verdade. 

Segundo a adolescente revelou à polícia, quando saiu da escola foi convidada por uma amiga para ir a um estúdio onde ensaiam vários MC’s. No local, todo fizeram uso de bebida alcoólica e drogas e em determinado momento um homem puxou a adolescente para um local mais ermo, onde ela foi estuprada por seis suspeitos, entre MC’s, produtores musicais e empresários que trabalhavam no local. 

 “É preciso estarmos atento aos nossos filhos e conhecer com quem estes adolescentes estão se relacionando. Esse caso contra essa menina é muito grave”, considerou a delegada. Ainda segundo a polícia, as prisões ocorreram no último dia 17 após uma intensa investigação. A vítima não sabia os nomes dos suspeitos ao certo. 

A menina se sentiu tentada a ir ao estúdio por que queria conhecer os MC’s e ela sabia que a mãe não autorizaria a ida e por isso  não contou para ela. Além das quatro prisões, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão. Os presos, com idades entre 19 e 25 anos, alegaram para a polícia que não estupraram a vítima e fizeram sexo consensual. Foram expedidos mandados de prisão preventiva contra eles. 

"Os quatro suspeitos que foram localizados estavam em casa, no Morro das Pedras, na capital. Os policiais da Dopcad e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE-PCMG) apreenderam aparelhos celulares e dispositivos de armazenamento de mídia que serão periciados”, explicou o delegado responsável pelo caso, Sérgio Andrade,

Os mandados de busca e apreensão foram efetuados em Venda Nova, no Morro das Pedras, bairro São Geraldo, na região Leste e no bairro Nova Cintra, na região Oeste de Belo Horizonte. Segundo a polícia, no dia do cumprimento das buscas, haviam várias adolescentes no estúdio onde ocorreu esse crime. No entanto, elas alegaram que não foram vítimas de nenhum crime. 

Exposed

A vítima do estupro coletivo chegou a contar sobre o crime pelo twitter com a hashtag ExposedBH, depois da denúncia já feita à delegacia. “Foi um dos relatos mais tristes postados na rede social. Essa hashtag ajudou várias outras meninas (vítimas de outros crimes de abusos sexuais) a procurarem à delegacia. O medo e a vergonha são razões para mulheres não denunciarem”, explicou a delegada Renata Ribeiro.

A hastag Exposed e o nome das cidades de Brasil tomou conta do twitter em maio e ajudou várias mulheres a denunciarem os abusos sexuais sofridos em todo país. Segundo a Polícia Civil de Minas, outras denúncias de mulheres abusadas que deram o relato na rede social e procuraram a delegacia serão investigadas e a operação Exposed terá novas fases. 

“É imprescindível que essas mulheres e essas adolescentes, que relataram nas redes sociais diversos tipos de abusos, procurem a Polícia Civil, para que possamos proceder com as investigações”, orientou a delegada Elenice.