Peritos da Polícia Civil e técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) esvaziaram, na tarde desta quinta-feira (27), o tanque 10 da cervejaria Backer, na sede da empresa no bairro Olhos D'água, região do Barreiro, em Belo Horizonte. A nova etapa da perícia serve para identificar se houve vazamento de dietilenoglicol e monoetilenoglicol durante o processo produtivo da cervejaria.
Segundo o delegado Flávio Grossi, responsável pelo caso, o teste de estanqueidade (como é chamada a nova fase) verifica se há alguma rachadura, furo, trinca ou porosidade na superfície. A Backer conta com 70 tanques, mas, inicialmente, a perícia vai analisar somente o 10.
O teste será dividido inicialmente em duas etapas a serem realizadas nesta quinta e nesta sexta-feira (28), como explicou Grossi.
"Estamos dando início a primeira etapa dessa fase do inquérito. Hoje, estamos realizando o esvaziamento e a limpeza do tanque, amanhã, em uma nova etapa, com o tanque vazio e funcionando com a presença das substâncias nas serpertinas será feito um teste para identificar o vazamento", disse.
Caso seja necessário, uma nova etapa será realizada e terá duração de até 15 dias.
"Uma terceira etapa mais longa será realizada se houver de fato o vazamento. Ai vamos buscar indentificar a quantidade de produto que está vazando", afirmou.
"A primeira fase será rápida. Vamos passar o líquido do tanque para outro tanque e depois faremos a limpeza. Amanhã iniciaremos o teste de vazamento", completou o delegado.
Realizam o teste duas equipes de peritos da PC, técnicos do Mapa e um representante da fabricante dos tanques está no local para prestar esclarecimentos aos peritos. Além disso, representantes da Backer também acompanham todo o processo.
Por nota, o Mapa afirmou que uma equipe técnica esteve na fábrica junto com peritos da Polícia Civil para liberar os tanques lacrados para a realização da perícia.
Desentendimento
Os peritos chegaram à cervejaria por volta das 9h da manhã, no entanto, em um primeiro momento, representantes da Backer não concordaram com o método utilizado pela perícia e ofereceram resistência.
"Foi uma resistência inicial quanto à metodologia. Eles entenderam haver a probabilidade de contaminação maior em outros tanques, mas ao longo do dia isso foi esclarecido e a empresa mais uma vez resolveu por bem cooperar. A perícia segue normalmente", disse Grossi.
A Backer respondeu por nota que a Cervejaria Backer que “a inspeção não pode ser realizada, uma vez que o MAPA não disponibilizou o resultado dos laudos quantitativos do agente químico causador da contaminação. Assim, faz-se importante a preservação das provas até a conclusão da análise. Além disso, a ausência do laudo também impede que a destinação do resíduo seja feita dentro dos padrões exigidos pela empresa responsável”.
Além disso a empresa reafirmou o interesse em “em elucidar os fatos o mais breve possível e sua disponibilidade em colaborar com os trâmites necessários. A empresa manterá a sociedade informada a respeito”, completou a nota.
A PCMG reforçou que irá realizar os testes a partir desta sexta-feira (28). "Os trabalhos estão acontecendo normalmente. Inclusive, peritos e investigadores continuam na empresa executando a primeira fase desta perícia. A segunda etapa está prevista para iniciar amanhã, pela manhã. A partir das análises ocorridas da segunda etapa é que será possível definir sobre a realização ou não da terceira fase", afirma.
Investigações
Até o momento, a PC investiga 34 casos suspeitos de intoxicação envolvendo consumo de cervejas da Backe, sendo seis óbitos. As investigações foram estendendidas para pacientes que apresentaram sintomas desde 2018.
O inquérito chega a 54 dias e completa 2 meses no próximo dia 8 de março. Ao todo, a PC colheu depoimento de mais de 60 pessoas, dentre vítimas, familiares e outras testemunhas.
Várias perícias já foram realizadas, tanto na empresa, quanto nas amostras de cervejas fornecidas pelos familiares de pacientes internados. Os laudos estão em fase final de elaboração
Atualizada às 17h47