Em meio às discussões que tomaram conta da audiência pública que debateu a liberação da mineração na Serra do Curral, realizada nesta quarta-feira (05) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, um dos destaques na oposição ao empreendimento foi o ambientalista, professor da UFMG, médico e idealizador do projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, que rebateu as falas da secretaria de meio ambiente do estado que ocorreram mais cedo, na mesma audiência.

Em seu pronunciamento, a chefe da pasta de meio ambiente, Marília Carvalho de Melo, defendeu o empreendimento da Tamisa, alegando que a liberação por parte do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) está sendo realizada seguindo todos os trâmites legais. Na fala de Heringer, o professor lembrou de tragédias recentes envolvendo a mineração e que tinham a anuência do Estado até então.

“Essa questão da legalidade, todos nós sabemos que é algo feito para disfarçar a vontade política de se autorizar esse tipo de empreendimento. A Samarco produziu o caso de Bento Rodrigues, em Brumadinho também estava tudo bem segundo a Vale”, pontuou.

Além de relembrar episódios recentes envolvendo tragédias com mineração, Apolo alegou que os estudos técnicos e os ritos legais, citados pela secretária, não escondem o ‘absurdo’ do projeto. “Essa questão do que é legal é relativa. Jesus Cristo foi crucificado seguindo todos os ritos previstos na lei de Roma. E a história foi implacável com aqueles que agiram conforme a lei. Então não é verdade que esses estudos técnicos são referência para alguma coisa. Pode até ser legal, mas é imoral”, rebateu.

O ambientalista ressaltou que além dos riscos ambientais e de saúde para a autorização, a implantação de um complexo minerário na Serra representa um desrespeito à história da população de Belo Horizonte.