Polícia investiga morte de bebê de dois meses em Brumadinho

"O que aconteceu foi uma fatalidade. A mãe da criança não é um monstro como estão falando". A frase foi dita por um conhecido da mãe do garotinho de apenas 2 meses, encontrado sem vida dentro da casa onde morava em Brumadinho, na Grande BH, no último sábado (2).

O caso foi registrado na residência da família no bairro São Sebastião, onde moram a mãe do garoto, a irmã dela e uma amiga das duas.

A Polícia Militar (PM) tomou conhecimento do caso depois de ser acionada pela tia da criança, que encontrou o garoto sem vida dentro do berço. A mulher contou à polícia que, no sábado pela manhã, entrou no quarto da irmã e viu o sobrinho morto.

Desesperada, ela procurou pela irmã, enquanto a amiga dela ligava para a polícia. Ao chegar em casa, a mãe da criança explicou, aos militares, ter saído durante à noite de sexta e, em seguida, decidiu ir para a casa do namorado. Ela alegou que a criança não estava sozinha, uma vez que ficou na casa com a tia e a amiga das duas.

Porém, a tia da criança e a amiga da família relataram não saber que a mãe do bebê havia saído. Por isso, elas só entraram no quarto no sábado de manhã.

"Acredito que aconteceu uma falha na comunicação. A criança estava sendo muito bem tratada. Ela cuidava muito bem. Ela saiu, mas havia mais gente na casa", argumentou um conhecido da família, que preferiu não ser identificado. 

Os moradores da casa suspeitam que a criança tenha se virado no berço e morrido asfixiado. Mas só a perícia da Polícia Civil poderá dizer o que provocou a morte da criança. A suspeita é que tenha sido um engasgamento. O caso já está sendo investigado pela Polícia Civil. 

Boletim de ocorrência

Segundo consta no boletim de ocorrência da Polícia Militar, uma das testemunhas procurou a corporação dizendo que havia uma criança abandonada no local. Ao chegarem, os militares se depararam com a mãe do bebê, que foi presa em flagrante. O depoimento das testemunhas dá conta de que a mulher havia dito que iria sair rapidamente e deixou o filho com elas. O bebê apresentava febre por conta de uma vacina que havia tomado e, por isso, elas deram cinco gotinhas de paracetamol para a criança. Depois disso, saíra, alegando que a mãe do bebê teria dito que não iria demorar. 

Mas a mulher teria ido para um forró, depois para a casa do namorado, e só voltou para a casa às 5h do dia seguinte. Ela alegou que estava tranquila porque deixou o bebê com as duas mulheres em casa. As testemunhas negam que a mãe tenha pedido para tomarem conta do bebê em sua ausência e que ela só disse que ia sair por ali perto e voltaria pouco tempo depois. Quando uma das mulheres foi ao quarto do bebê no outro dia, ele já estava de bruços e sem vida. 

Mãe

Um conhecido da família, que conversou com o a reportagem e preferiu o anonimato, contou que a criança era muito bem cuidada pela mãe. "Ela tinha muito amor por essa criança. Esse é o segundo bebê dela. O primeiro, que ela teve aos 15 anos, hoje, mora com a tia. Então ela queria muito cuidar desse bebê", lamentou.

Nem mesmo o problema que a mãe enfrentava com os entorpecentes a fez descuidar do filho querido. "Ela usa drogas desde os 11 anos de idade, mas é uma coisa moderada. Na sexta-feira, ela foi até um centro de internação na cidade de Itaúna para conhecer. Ela iria voltar nesta segunda, mas aconteceu esse triste fato no sábado", explicou o conhecido.

A jovem, junto com a irmã e o irmão, teria sido abandonada pela mãe enquanto era criança. Após o abandono, ela teria sido criada por uma tia, que devido a idade avançada não teve como continuar com a guarda dos sobrinhos e foi internada em uma casa de apoio a idosos.

Durante a adolescência, a mãe do bebê chegou a morar na rua em Mário Campos, mas atualmente estava vivendo com a irmã e a amiga em Brumadinho, onde criava o filho e lutava contra o vício. 

Atualizada às 17h50.