A Polícia Civil prendeu na manhã desta quinta-feira (1º), durante a 3ª fase da "Operação Apate", dois dos principais líderes de uma organização criminosa suspeita de movimentar R$ 160 milhões com a abertura e o fechamentos de empresas-fantasmas em nomes de empresários que não sabiam do esquema. O advogado e o administrador de empresas, de 31 e 32 anos, respectivamente,  ostentavam vida de luxo em Belo Horizonte com o dinheiro obtido de forma ilícita.

Segundo o delegado Vinícius Dias, do Departamento Estadual de Fraudes, a dupla seria especializada em lavagem de dinheiro, inúmeras fraudes processuais, vários estelionatos e falsificações de documentos públicos e privados em cartórios. De acordo com o delegado, a quadrilha montava empresas de fachadas e aumentava o capital social delas. Depois, distribuía os lucros e fechava as empresas.

Ainda segundo Dias, a quadrilha atuava principalmente em Belo Horizonte, Contagem, na região metropolitana, e Pará de Minas, na região Centro-Oeste do Estado. Segundo as investigações, documentos falsos, emitidos em nome de grandes empresários, principalmente do ramo da construção civil, eram usados para facilitar a abertura das empresas e também as operações financeiras da quadrilha, como empréstimos falsos. 

"Eles tinham um bom conhecimento de trâmites comerciais e facilidade para solicitar procurações em cartórios e acesso a processos em fóruns e no Tribunal de Justiça. As empresas duravam poucos meses, de cinco a sete meses. É um esquema que durou cinco anos e continuava até mesmo quando alguns integrantes foram presos. Eles achavam que não iriam ser presos em hipótese alguma", explicou o delegado. 

De acordo com Dias, os homem eram monitorados há mais de um mês, mas por mudarem frequentemente, as prisões eram dificultadas. Depois de escutas telefônicas, os dois suspeitos foram encontrados na manhã desta quinta-feira (1°) na casa da mãe de um deles no bairro Eldorado, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Até o momento, mais de oito pessoas foram presas e 40 mandados de busca e apreensão foram expedidos. Os homens estavam foragidos desde o dia 13 de setembro, quando a corporação deflagrou a 1ª fase da ação. 

Entre outros crimes, os envolvidos responderão por organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documento público e particular, estelionato e falsidade ideológica. A pena mínima é de 25 anos de reclusão, podendo chegar a 60 anos.

Vida de luxo

A quadrilha tinha uma vida de luxo e esbanjava em imóveis no bairro Buritis, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, e Pará de Minas, na região Central do Estado, onde só o paisagismo do jardim custou R$ 170 mil e tem quatro mil metros de área construída.

Um dos suspeitos presos nesta quinta-feira (1°) tinha uma cobertura avaliada em R$ 2,5 milhões, no bairro Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte. 

O esquema

- A Quadrilha tinha acesso a documentos, como CNHs, de empresários do ramo de locação de veículos, prestadores se serviço e donos de construtoras. 

- De posse dos documentos, abriam empresas fantasmas, sendo que um dos integrantes se colocava como proprietário em sociedade com as vítimas, que não sabiam do esquema.

- Já com as empresas fantasmas, mas com sócios reais, a quadrilha fazia empréstimos em instituições financeiras, esperavam o dinheiro cair na conta da empresa falsa, depois transferiam a quantia para outras contas e repartiam entre os envolvidos no esquema. Logo depois, eles encerravam as atividades.

- Entre 25 e 30 empresas fantasmas foram criadas em Minas e em outros Estados como Rio de Janeiro, Pará, São Paulo e Mato Grosso.