Um homem de 31 anos suspeito de comercializar anabolizantes sem autorização foi preso nessa quarta-feira (22) pela Polícia Civil, no bairro Santa Amélia, região da Pampulha. O indivíduo é apontado pelos investigadores como o maior fornecedor do ramo em Belo Horizonte. A investigação apurou que ele utilizava de duas lojas, uma de brinquedos localizada em um shopping popular da capital e outra de embalagens em Ribeirão das Neves, na região Metropolitana, para armazenar os produtos. Milhares de ampolas foram apreendidas.
A prisão do fornedor dos anabolizantes irregulares em Belo Horizonte, de acordo com a investigação, é um dos passos para a Polícia Civil desmantelar um grande esquema de tráfico desses produtos. Por isso, detalhes, como a rota da substância até o local onde foi apreendida, não puderam ser informados para não atrapalhar as investigações.
De acordo com o delegado Daniel Reis da Polícia Civil, o homem se apresentava como empresário e fazia a venda dos produtos – sendo parte deles ilegais – a praticantes de atividades físicas e donos de academias das regiões da Pampulha e de Venda Nova.
“A grande maioria deles é de produtos considerados termogênicos, mais conhecidos como anabolizantes. Além desses materiais, que são hormônios, foram catalogados pela nossa perícia mais de 46 medicamentos comercializados de forma indiscriminada e sem autorização. Não é um material que tem um volume grande como quando é apreendido comumente no caso de cocaína e maconha, mas tem um valor agregado muito alto. Isso que chamou a atenção”, explicou o delegado.
Segundo a investigação, parte dos produtos apreendidos vieram do Paraguai, por rota terrestre, e a quantidade apreendida só não foi maior pelo fechamento das fronteiras entre o Brasil e o país vizinho. Por medida sanitária adotada contra a propagação do novo Coronavírus essas ligações entre Brasil e Paraguai, como, a Ponte da Amizade, que fica na fronteira do Brasil e Paraguai, ligando as cidades de Foz do Iguaçu (PR) e Ciudad del Este estão fechadas.
A polícia também acredita que o suspeito tenha conexão com distribuidores de outros estados. Apesar de parte do material ser considerado legal, a venda indiscriminada dos produtos para pessoas que não fazem o acompanhamento médico é um risco que tem chamado a atenção da Polícia Civil.
“Apesar de algumas serem lícitas, a gente percebeu uma demanda muito grande desse tipo de substância que não são produzidas no Brasil. Entram no Brasil de forma ilegal e são comercializadas sem qualquer tipo de controle”, explicou o delegado Júlio Wilke.
Ainda de acordo com o delegado, o problema da comercialização indiscriminada é o possível aumento de substâncias adulteradas. Muitas podem ser de fabricação caseira, sem o comprador do produto saiba, realmente, o que está injetando no corpo. “As substâncias podem não ser o que eles realmente prometem. Pode ser uma substância falsificada e a pessoa que faz o uso sequer imagina o que está botando para dentro do corpo, sem qualquer tipo de fiscalização e sujeito às mais variadas infecções”, pontuou Wilke.
Esquema tem outros envolvidos
Outras apreensões de drogas também estão ligadas ao esquema de venda de anabolizantes, que, segundo a investigação pode ter ramificações em todo país. No dia 30 de abril deste ano, uma carga avaliada em R$ 1 milhão de reais com 78 substâncias irregulares, entre eles anabolizantes, foi apreendida em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineria.
O homem de 32 anos, preso na época, segundo a Polícia Civil, era o maior fornecer de esteróides na região. Além de vender ele adulterava produtos. "Vendia óleo vegetal como se fosse hormônio", disse.
Especialista alerta para uso indevido de droga
Médico especialista em endocrinologia e metabologia, Rafael Fantin alerta para o uso dos anabolizantes sem prescrição médica. Para Fantin esse tipo de substância é recomendada somente em casos muito específicos e a ingestão de tais drogas podem causar efeitos drásticos na saúde.
Segundo o especialista, médicos só indicam os esteróides anabolizantes nos casos em que pacientes precisam de ganho de massa muscular e as substâncias jamais são receitadas para fins estéticos.
"Usamos os esteróides para fins de saúde e não para fins estéticos. Idosos que por falta de massa muscular tem tendência a quedas, portadores de doenças crônicas, queimados são alguns caos em que prescrevemos", orientou Fantin.
Ainda de acordo com o médico, as drogas alteradas são difíceis de ser identificadas. O que ocorre é que, após a aplicação ou ingestão os efeitos são percebidos pelo paciente. "Quando há masculinização muito rápida nas mulheres", exemplifica.
Compra em mercado ilegal é rotineira
O geógrafo GCBO, 42, cita vários exemplos de onde ele consegue, com facilidade, comprar anabolizantes sem prescrição médica. "Já comprei sem receita com amigos, na internet e por telefone", exemplifica.
Para ele, apesar do custo ser mais alto no mercado informal, se comprado com a compra na farmácia, com receita médica, a dificuldade em ter prescrição tais drogas é o que o faz buscar pelas substâncias de forma irregular.
"Uma consulta custa mais de R$500 (quinhentos reais) e os médicos não liberam com facilidade, por isso, eu compro. O custo é bem maior do que na farmácia porque a pessoa que consegue que sempre ganhar em cima.
GCBO apesar de comprar anabolizantes para fins estéticos, sabe dos riscos que corre. "Dá medo sim. Eu mesmo tenho certeza que já comprei produto falsificado porque senti os efeitos. Tenho um conhecido que, inclusive já morreu por usar anabolizantes irregulares", disse.
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