A partir desta terça-feira, pela primeira vez em seus 90 anos de história, o Mercado Central de Belo Horizonte passa a funcionar em escala reduzida. O lugar, que é um dos principais destinos na capital mineira, funcionará de 8h às 17h, de segunda a sábado e, aos domingos, os portões permanecerão fechados. Anteriormente, o atendimento acontecia de 7h às 18h.
Em uma outra medida inédita adotada pela administração do espaço, dos oito acessos ao quadrilátero, apenas dois vão ser abertos: as portarias das avenidas Amazonas e Augusto de Lima, esquina com a rua Curitiba. Além disso, desde a última sexta, apenas 27,5% das lojas têm funcionado no local.
Tomadas em comum acordo entre os lojistas e a direção do prédio em reunião realizada na manhã desta segunda-feira, as decisões são mais um esforço para conter a proliferação do novo coronavírus na cidade, explica Luiz Carlos Braga, superintendente do Mercado Central.
Desde a publicação do decreto municipal, válido a partir da última sexta-feira, que vetou o funcionamento de bares, restaurantes, cinemas, academias e outros comércios que levam a potencial aglomeração de pessoas, apenas 110, das 400 lojas que lá funcionam, seguem funcionando. "Só abrem aquelas que são permitidas, que prestam serviços essenciais: drogarias, padarias, açougues, sacolão e petshops, mas sem a venda de animais", explica Braga.
"Não venham passear no Mercado"
Em vista da velocidade com que a Covid 19 se alastra, o superintendente faz um apelo à população: "Não venham passear no Mercado. Venham para comprar seus suprimentos. Comprem e voltem para casa. Não tem o que fazer: estão fechados os bares, os restaurantes, souvenirs. Sabemos que somos um ponto de abastecimento para a cidade. Mas, repito, venham não venham passear".
Braga informa que serão instaladas faixas na parte exterior do prédio orientando os frequentadores sobre o novo esquema de funcionamento e alertando que o local estará fechado aos domingos. Ele salienta que todos os cuidados estão sendo tomados nos 110 comércios que seguem abertos de segunda a sábado. "Há dispensas com álcool em gel, os banheiros estão abastecidos. Muitos atendentes estão usando máscaras protetoras, como também a equipe de segurança", diz.
Férias coletivas e animais recebendo cuidados da administração
Com a redução da escala de trabalho, cerca de 90 funcionários administrativos entraram em férias. O estacionamento, que segue funcionando, também terá redução no turno de colaboradores.
Em relação às lojas que vendiam animais, Braga expõe que muitos proprietários levaram os bichos para seus sítios. Aqueles que ficaram no Mercado Central estão sendo cuidados pela equipe de administração.
Escala reduzida é inédita
O esvaziamento do prédio é simbólico da luta da capital contra a pandemia. Afinal, para além de um ponto turístico, o tradicional quarteirão foi eleito, em 2017, a edificação que é "A cara de BH" - no páreo estavam outros espaços icônicos, como o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, a Praça da Liberdade e o Mineirão.
A redução da jornada e do número de lojas em funcionamento no lugar também é sintomática de quão grave é a atual situação. Nem quando o quadrilátero passou por uma reforma, entre 1969 e 1973, o Mercado Central parou de funcionar ou passou por medidas como as agora adotadas.
Coronavírus em Minas Gerais
De acordo com balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais na tarde desta segunda-feira, o número de casos confirmados de coronavírus subiu para 128 em Minas Gerais. São investigados outros 7.766 suspeitas. Em Belo Horizonte há 60 confirmações.