Na Amazônia

Presidente da Renova é acusado de extração de madeira ilegal

A empresa Amata estaria burlando documentações para exportar toras extraídas irregularmente

Por Clarisse Souza e Tatiana Lagôa
Publicado em 24 de maio de 2019 | 03:00
 
 
Waack era sócio da Amata, que teria devastado 3.000 hectares Foto: Douglas Magno - 26.7.2018

Roberto Waack, diretor-presidente da Fundação Renova – instituição criada para coordenar as ações de reparo após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na região Central de Minas Gerais –, está sendo denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por possível venda ilegal de madeira da Amazônia. A acusação é a de que a empresa Amata, da qual ele foi sócio até setembro de 2013 e de cujo conselho participou até 2016, estaria burlando documentações para exportar toras extraídas irregularmente, causando um dano ao meio ambiente na ordem de R$ 47,3 milhões desde 2012, conforme consta em documento enviado para a reportagem pelo MPF.

Por meio da operação Arquimedes, deflagrada em dezembro de 2017 pela Polícia Federal, a Amata teve cinco contêineres irregulares apreendidos. Foi descoberto ainda que a área explorada ilegalmente pela empresa já teria ultrapassado os 3.000 hectares.

Em função disso, o MPF ajuizou uma ação civil pública pedindo medidas cautelares. Se a solicitação for acatada pela 7ª Vara Federal do Amazonas, onde tramita a ação, a empresa (com sede em São Paulo e filial em Rondônia) terá que apresentar garantias financeiras reais para a reparação dos danos ambientais, patrimoniais e morais. Além disso, ela terá que pagar os R$ 47,3 milhões pelos impactos ambientais além de R$ 10 milhões de danos morais coletivos.

Waack, assim como outros acusados de envolvimento com a empresa, também são responsáveis pelo pagamento caso o grupo não arque com as indenizações. Até o fechamento desta edição, a reportagem não havia conseguido falar com o advogado de Waack, e a Fundação não tinha se pronunciado.

Outro lado

Em nota, a Amata afirmou que é um equívoco a empresa estar entre as investigadas e que isso será provado.

Já a Fundação Renova, em comunicado, afirma que Roberto Waack se desligou do cargo de conselheiro em 2016, um ano e meio antes do início da Operação Arquimedes, ao contrário do que havia sido informado anteriormente pela reportagem. A instituição ainda defende que não há razões para que a ação em curso interfira no trabalho que está sendo desenvolvido em toda a bacia do Rio Doce.

A Fundação Renova afirma que os pontos levantados na ação civil pública que tramita na 7ª Vara de Manaus envolvendo a empresa Amata e pessoas físicas, entre elas, o diretor presidente da Fundação, Roberto Waack, estão sendo esclarecidos. 

É importante destacar que Roberto Waack se desligou da função de diretor presidente da Amata há quase 5 anos e renunciou ao cargo de conselheiro em  junho de 2016, um ano e meio antes do início de qualquer etapa da operação Arquimedes.  

A biografia e atuação de Waack à frente das ações de reparação são exemplos de seriedade, ética e compromisso com os melhores e mais rigorosos padrões de conduta. 

Com extenso currículo na área de sustentabilidade e meio ambiente, Waack tem sua trajetória ligada a importantes organizações nacionais e internacionais como WWF Brasil, Global Reporting Initiative (GRI), Forest Stewardship Council (FSC), Instituto Ethos e Fundo Brasileiro para a Biodiversidade. 

A Fundação Renova informa que não há razões para que a ação em curso interfira no trabalho que está sendo desenvolvido em toda a bacia do Rio Doce e que se mantém empenhada na reparação integral dos danos provocados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais.

 

Atualizada às 9h03