"As reuniões de pais não podem ser só para discutir as notas". O relato é de Daniele Gonçalves, diretora da Escola Estadual Doutor Simão Tamm bias Fortes, no bairro Havaí, região Oeste de Belo Horizonte. A profissional, responsável pela gestão da unidade de ensino, acredita que essa proximidade da família com a escola é fundamental para evitar episódios de violência, sejam os rotineiros, como conflitos entre alunos, ou aqueles que se assemelham aos ocorridos em Santa Catarina e em São Paulo. 

"Não é apenas nota que envolve um aluno, é também as redes sociais, a segurança fora do ambiente escolar. Muitos dos conflitos começam fora da escola e a gente não tem como controlar. Por isso a gente destaca essa colaboração dos pais", justifica.

Há cerca de duas semanas, a escola teve a rotina alterada após uma ameaça de massacre em uma rede social. A denúncia, conforme a diretora, foi feita por alunos e mobilizou a Polícia Militar. Os responsáveis pelo perfil foram identificados e o caso é investigado.

"Criaram um perfil e colocaram a palavra massacre e o nome da escola. Nós avisamos a polícia e tudo foi resolvido rapidamente. Isso nos deu uma segurança muito grande", revela a diretora. A escola atende cerca de 900 alunos, do 1° ano do ensino fundamental ao 3° ano do programa de Educação de Jovens e Adolescentes (EJA), que estão distribuídos em três turnos.

Apesar da identificação dos responsáveis pelas ameaças, alguns dos alunos deixaram de ir à escola na semana seguinte em que o perfil foi divulgado. O filho mais velho de Antonia Cardoso, de 42 anos, que é aluno do 9° ano na Escola Estadual Doutor Simão Tammbias Fortes faltou às aulas por medo. "Foram muitos alunos que deixaram de ir à escola, e meu filho foi um deles. Ficaram todos com medo", relata. 

O episódio na escola também foi motivo de preocupação para o porteiro Liomar Oliveira, de 47 anos, que é pai de uma estudante do 8° ano. "Eu liguei para a escola e eles me garantiram que estava tudo certo. Confiei na escola e em Deus, que vai guardar", conta o responsável pela estudante que, desde a ameaça, criou a rotina de levar e buscar sua filha na escola.

Família, escola e polícia

Com o objetivo de reforçar a segurança nas escolas das redes municipal, estadual e particular, a Polícia Militar de Minas Gerais lançou nesta segunda-feira (10) a Operação Proteção Escolar. Os trabalhos fazem parte de uma agenda nacional e possuem o objetivo de criar um conselho comunitário de segurança escolar, com a participação de professores, pais, alunos e a polícia. A intenção é de que esse conselho conselho possa compartilhar informações sobre a comunidade escolar, assim como ocorre com a rede de vizinhos protegidos.

“As famílias estão em alerta por causa dessa onda de violência, a gente recebe ligações com frequência de pais que procuram saber como as coisas estão na escola. Então, eu acho que essa parceria será muito importante, para que a gente discuta esse papel da escola com a polícia e com a comunidade”, avalia Daniele Gonçalves, diretora da Escola Estadual Doutor Simão Tamm Bias Fortes, no bairro Havaí, região Oeste da capital. 

Para a dona de casa Antonia Cardoso, de 42 anos, que é mãe de um aluno do 9° ano da unidade de ensino, a ação vai colaborar com a segurança nas escolas. No entanto, ela teme que essa possa ser uma ação isolada, o que deixará as instituições de ensino ainda expostas aos riscos da violência.

“Acho que ajuda, mas não contém a violência. Quem quer fazer, faz. Eu acho que deveria ficar uma viatura o dia inteiro na frente da escola. Não só no horário de saída e entrada, tem que ficar disponível para qualquer coisa que possa acontecer”, sugere.

Com a Operação de Patrulha Escolar, cerca de 160 policiais estarão mobilizados para garantir a segurança no entorno das escolas de Belo Horizonte e da região metropolitana. Os trabalhos irão contar com 127 novas viaturas, que serão distribuídas em todo o Estado. A operação irá ocorrer por tempo indeterminado.