Flexibilização

Reabertura dos shoppings populares foi 'humanitária', defende secretário

Com a permissão para o funcionamento desses estabelecimentos na região Central e em Venda Nova, outros setores comerciais se dizem injustiçados

Por Lucas Morais
Publicado em 05 de junho de 2020 | 17:29
 
 
Álcool em gel é espirrado nas mãos de clientes antes da entrada no shopping Foto: Cristiane Mattos

No fim de maio, a permissão da reabertura dos shoppings populares na região Central e em Venda provocou surpresa e até mesmo indignação entre outros segmentos comerciais. Para proprietários e trabalhadores de estabelecimentos em galerias e outros centros de compra espalhados por Belo Horizonte, a medida mostra que, com o controle de acesso e de aglomerações, eles também poderiam retomar as atividades.

E diante de tantos questionamentos, o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, voltou a defender as justificativas da prefeitura. Conforme o dirigente, além de uma questão humanitária, a reabertura dos shoppings populares acontece para evitar o retorno dos camelôs para as ruas da cidade, o que até aumentaria a velocidade de propagação do vírus.

"Foi uma opção, já que os shoppings populares empregam pessoas de baixa renda, que estão passando por dificuldades muito grandes, foi uma questão humanitária. Eles abriram também por serem duas mil pessoas envolvidas que estão trabalhando em dias alternados. Então o volume que entra em circulação na cidade é pequeno em comparação com outras lojas", complementa. 

Para o secretário, a situação dos comerciantes da Galeria do Ouvidor, também no Centro, sensibiliza, mas ele lembra que a retomada de cada segmento segue critérios técnicos – além de acionarem a Justiça, os trabalhadores do tradicional centro de compras da capital promoveram diversos protestos contra a restrição. "Cada coisa vai ser aberta quando puder abrir", frisa.

'Sem privilégios'

O infectologista Estevão Urbano, que é membro do comitê de enfrentamento à Covid-19 na capital mineira, garante ainda que nenhum setor está sendo privilegiado ao longo do processo de reabertura. Conforme o especialista, todas as decisões são embasadas na taxa de transmissão da doença na cidade, além dos impactos sanitários de cada setor.

"Essas decisões são muito difíceis e consideramos aspectos e variáveis. Permitimos eventuais erros, e se ocorrerem vamos mudar. Não tem como agradar todos ao mesmo tempo. Quem flexibilizou muito rápido logo em seguida entrou em lockdown. Não é uma situação fácil, nos sensibilizamos muito com a dificuldade de todos, e sabemos que algumas medidas podem parecer injustas", explica.

O secretário de Saúde acrescenta que não há nenhum tipo de retaliação contra comércios que acionaram a Justiça para poder voltar, a exemplo de galerias, bares e restaurantes. "A questão é o número de pessoas e a capacidade daquele local ser ventilado naturalmente ou não. Quando não abre a Galeria do Ouvidor, restaurante e bar, não há retaliação por essas entidades entrarem na Justiça, é por motivo sanitário", finaliza.

Foi uma opção, já que os shoppings populares empregam pessoas de baixa renda, que estão passando por dificuldades muito grandes, foi uma questão humanitária. 

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