Entre campanhas de conscientização e mudanças no tráfego urbano promovidas pela Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), a redução do tempo semafórico para os carros de 120 para 90 segundos, adotada desde dezembro do ano passado, não parece estar sendo eficaz. Os números do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) mostram que a capital registrou nos seis primeiros meses deste ano um índice diário maior de atropelamentos na comparação com 2018.
Apenas nos seis primeiros meses do ano, o serviço emergencial prestou atendimento a 1.482 vítimas, o que dá 8,18 casos por dia. Ao longo de todo o ano passado, número de vítimas pelo mesmo motivo foi 2.763: média diária de 7,56.
Segundo a BHTrans, a mudança no tempo de travessia já aconteceu em 192 sinais em cruzamentos da área hospitalar, das praças da Estação, Sete e Raul Soares e das avenidas Pedro I, Antônio Carlos e Cristiano Machado, e a meta é chegar em 2020 com 350 áreas modificadas.
A empresa considera que a alteração semafórica é eficaz e, apesar dos números do Samu, apresenta estatísticas que apontam que as ocorrências de atropelamento estão diminuindo na capital desde 2009. Em 2009, segundo a empresa, 3.244 pessoas foram atropeladas. Na comparação entre 2016 e 2017 (último ano analisado pela BHTrans), a queda nas ocorrências foi de 6,63%, passando de 1.901 para 1.775 atropelamentos. “Se o pedestre iniciar a travessia no sinal verde, ele terá um tempo mais que suficiente para atravessar. Consideramos as pessoas andando bem devagar”, garantiu o diretor de sistema viário da BHTrans, José Carlos Ladeira.
A doméstica Jildeli Miranda Teodoro, 40, não concorda. Ela se acidentou a caminho do trabalho na avenida Pedro II, na região Nordeste. “Estava atravessando com o sinal aberto para os pedestres, mas o semáforo fechou antes que eu chegasse ao outro lado, e uma moto veio e me pegou”, conta.
Ao atravessar a avenida Francisco Sales, na região Centro-Sul, antes que os veículos dessem partida, dona Maria Anunciação Braga, 70, precisou apertar o passo: “O tempo do sinal é pouco, a gente fica com medo de ser atropelada”.
Os semáforos da região Centro-Sul foram alguns dos que tiveram o tempo de travessia modificado de 1,2 metro por segundo (m/s) para 0,9 m/s. A medida tem possibilitado, por exemplo, um tempo mínimo de 16,6 segundos de sinal verde para os pedestres em uma via de 15 metros de largura.
Penalidades
R$ 293,47: é o valor da multa para o motorista que avançar o sinal vermelho.
7 pontos: são registrados na CNH pela infração gravíssima
R$ 1.467,35: é o valor da multa para o condutor que não prestar socorro à vítima. A infração é gravíssima.