Restaurante Xico da Kafua, em BH, soma R$ 40 mil em prejuízos por arrombamentos

Além da pandemia de coronavírus que tem obrigado o tradicional restaurante Xico do Kafua, localizado às margens do Anel Rodoviário, em Belo Horizonte, a funcionar apenas com o serviço de entregas, o aumento dos arrombamentos ao estabelecimento tem tirado o sono dos proprietários, que contabilizam um prejuízo que ultrapassa os R$ 40 mil.

Com 40 anos em atividade, o problema tem se intensificado desde 2018. E mesmo o investimento feito no sistema de segurança do local não tem inibido a ação criminosa. De acordo com o sócio-proprietário do restaurante, Edinardi Pereira Torres, de novembro de 2020 até este mês foram 16 arrombamentos registrados em boletins de ocorrência, todos, segundo as imagens registradas pelas câmeras de segurança, feitos pelo mesmo suspeito. O último ocorreu na madrugada dessa terça-feira (26).

Veja o relato dele:

Sócio-proprietário do restaurante Xico do Kafua, em BH, Edinardi Pereira Torres fala sobre constantes arrombamentos em seu estabelecimento. De novembro passo a janeiro deste ano, foram 16 com prejuízos que ultrapassam os R$ 40 mil. Leia: https://t.co/DMgG9sY8Lz pic.twitter.com/2uJ1pCZIiq

“Ele já levou de tudo. Já levou cadeira, tinta, motor de congelador, equipamentos, máquinas e agora o principal foco dele tem sido carnes. Ele entra na nossa área de estoque, arromba os freezers e leva as carnes”, afirmou Edinardi.

No ultimo roubo, registrado nessa terça, as câmeras de segurança flagraram Erivelto Fernando Ferreira, 40, levando cerca de 30 quilos de carnes do restaurante. As peças são armazenadas em bolsas para facilitar o transporte. Segundo o proprietário, minutos antes dele entrar no estabelecimento uma viatura da Polícia Militar passou pelo local. 

“A PM tem dado um apoio sensacional pra gente. Mas a viatura saiu da porta do nosso restaurante às 5h e às 5h20 ele entrou no restaurante. Com certeza ele ficou esperando a viatura sair daqui. Se você for pensar, o que ele ganhou em cinco minutos é mais do que a gente ganha no mês”, afirmou o sócio-proprietário. 

Revolta

Os constantes arrombamentos vindos do mesmo autor já fizeram os proprietários pensarem em fechar o restaurante, que é de família, tem 19 funcionários e funciona no local há 40 anos. 

“Por motivo da pandemia nós nunca pensamos em desistir. Mantivemos todos os nossos empregados, diminuímos gastos e fizemos tudo o que podia ser feito. Agora, com relação aos arrombamentos, nós pensamos seriamente em fechar. Quando você está lutando por um ideal que vc acredita, pelos seus empregados e um restaurante de está aberto há 40 anos, vale a pena. Mas na hora que você começa a contabilizar que você está trabalhando para sustentar um vagabundo que está na rua, aí você começa a repensar os seus valores”, desabafa Edinardi.

Homem foi preso

Após roubar cerca de 30 quilos de carne do restaurante Xico do Kafua na madrugada de terça-feira, a Polícia Militar localizou o suspeito na tarde do mesmo dia. De acordo com o boletim de ocorrência, Erivelto Fernando Ferreira foi rendido e amarrado a um poste por moradores da Vila Savassinha, na região Noroeste de Belo Horizonte.

Na região, há movimentação do tráfico de drogas. Quando os militares chegaram, nenhum morador estava mais no local. O homem foi preso e confessou ser autor dos roubos ao restaurantes. 

O tenente coronel Marckleuber Fagundes, do 34 Batalhão da Polícia Militar, afirma que o suspeito é um velho conhecido dos militares pela prática de roubo. 

“Não só aqui na área do restaurante, mas também na região vizinha como no bairro Califórnia, Lagoinha, há algum tempo. No último fim de semana ele foi preso com drogas e materiais que poderiam ser utilizados para um arrombamento. Ele foi solto e retornou ao restaurante. Ontem ele foi detido por populares que nos acionaram”, afirmou o militar. 

O tenente coronel afirma que, após a indignação da população mostra que o suspeito também corre risco de vida. 

“A questão dos furtos e roubos dele é uma questão que vamos continuar tratando e prendendo quantas vezes foram necessárias, mas a gente percebeu que a população não está mais suportando os pequenos furtos e roubos que ele cometia. Então hoje a nossa preocupação também é com a vida desse autor”, disse o militar.

Sem dormir

Mesmo recebendo a notícia de que o suspeito foi preso, Edinardi diz não ter motivos para comemorar. “Ele confessa pra polícia que foi ele, tem todas as características, a roupa, tudo e ele não fica preso. Eu fui na delegacia ontem e eu vi ele sendo preso. Mas eu deito na minha cama todo dia e falo: ‘será que ele já foi solto?’. Então isso prejudica até a saúde da gente, lamenta Edinardi.