Mesmo garantindo que vai ocorrer aumento de viagens, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), Raul Leite, informou à reportagem de O TEMPO que encaminhou ofício para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) relatando preocupação com o aumento no preço do diesel. A escalada no valor do insumo não havia acontecido quando um acordo foi firmado referente ao repasse de mais de R$ 200 milhões de subsídios para as empresas do transporte coletivo.

“Mesmo neste cenário [de aumento do diesel], é possível garantir a implementação do número de viagens diárias em dias úteis em 15% e depois de 15 dias do primeiro pagamento [do aporte financeiro] em 30%”, afirmou Leite após a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) aprovar o Projeto de Lei (PL) 336/22 em segundo turno nesta terça-feira (21).

A melhora no serviço do transporte público é aguardada pelos usuários, no entanto, quando o acordo entre prefeitura e empresas de ônibus aconteceu não havia ocorrido os “aumentos estratosféricos”, conforme definido por Leite.

“Quando [o PL] nasceu foi anterior ao reajuste altíssimo do mês de maio e agora o novo de quase 15%. Não sou eu que estou falando, basta olhar o cronograma e as datas que mostram que foram feitos anteriormente aos aumentos estratosféricos do óleo diesel. Temos a inflação totalmente descontrolada e diesel que, nos últimos dois aumentos, subiu 40%”, ponderou.

Para garantir o acordo previsto em lei, que ainda precisa ser sancionado pelo prefeito Fuad Noman (PSD), e mais ônibus nas ruas, o SetraBH alertou a PBH sobre a preocupação com o preço do litro do diesel.

“Fizemos um ofício para a prefeitura e a Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (SUMOB) e inclusive a Câmara expondo nossas preocupações com relação a este valor descontrolado deste insumo. Os próprios experts mostram que pela paridade internacional, o preço do óleo diesel já estaria defasado. O diesel é um dos principais insumos que utilizamos diariamente”.

Se os aumentos continuarem, uma “solução extraordinária” precisará ser tomada, segundo Leite. “Diante da subida há que se pensar também nessa solução, mas, digamos que em julho o valor caia, não é preciso solução extraordinária por parte do poder concedente [a PBH]”, destacou sem detalhar como seria, mas alertando que isso está previsto em uma das cláusulas do contrato.

PL é grande passo, diz presidente

A aprovação da proposição em segundo turno com 37 votos favoráveis e dois contrários é visto por Leito como um “grande passo” na busca de solução para o transporte coletivo de BH. 

“O PL visa ajudar os passageiros com o pagamento de uma parte daquilo que seria da tarifa. Em Paris, 60% da tarifa é remunerada por subsídio, se for olhar Praga é de 75%”, disse.

O presidente do SetraBH também enfatizou a necessidade de mais faixas preferenciais para os ônibus, pois isso faz com que o tempo de viagem tanto na ida quanto na volta do trabalho pelo usuário.

A PBH foi procurada e informou que não recebeu o ofício citado pelo presidente do SetraBH.