A campanha SOS Chuvas ajudou 43.064 pessoas afetadas pelo período chuvoso passado, entre outubro de 2022 e março de 2023. Os dados foram apresentados nesta segunda-feira (2 de outubro), em evento na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). No total, foram 245 municípios atendidos pela campanha, que é uma parceria entre a filial mineira da Cruz Vermelha e o Serviço Social Autônomo (Servas).

A nova edição da campanha vai começar a receber doações em dinheiro, via PIX ou transferência bancária, a partir de novembro deste ano. Todo valor doado vai ser convertido em créditos para os cartões humanitários. Também podem ser doados alimentos não perecíveis, produtos de higiene pessoal e de limpeza. Os itens vão ser recolhidos na sede do Servas, na avenida Cristóvão Colombo, 683, na Savassi.

A última campanha, contou com uma nova medida assistencial: o cartão humanitário. Trata-se de um cartão de débito entregue às famílias atingidas para que elas comprem os itens necessários. Segundo a presidente do Serviço Autônomo Servas, Christiana Renault, a iniciativa torna o auxílio às famílias mais efetivo, uma vez que ela atende de forma específica a necessidade de cada família.

"Muitas vezes, tentamos levar a assistência social que nós imaginamos ser adequado. Mas se você chega com uma cesta básica em uma residência em que as pessoas estão sem água e sem gás, a cesta básica não tem tanta utilidade. Com o cartão, a gente busca dar dignidade à pessoa, de forma que ela possa escolher aquilo de que ela efetivamente necessita", explica.

O valor total distribuído para as vítimas das chuvas foi de R$ 1.535.460,49, por meio de 2.188 cartões humanitários. Também foram distribuídas 33.708 cestas básicas, 11.625 kits de higiene pessoal, 6.635 kits de limpeza, 9.678 colchões, 8.424 kits dormitório e 1.368 litros de água. A campanha contou com 450 voluntários, que percorreram mais de 65 mil km em todo o estado.

Presente no evento, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), elogiou a campanha SOS Chuvas. Ao falar da importância de iniciativas que prestem assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade, ele relembrou momentos de crise social que Minas Gerais teve — o rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019, e a pandemia, em 2020. 

"Tivemos muitos momentos de crise, e eu posso dizer que ter uma rede de proteção já estruturada é de fundamental importância. Vejo com muita satisfação um evento como esse (lançamento da campanha) para um preparo maior, porque quando o socorro for necessário, nos estaremos aqui presentes”, destaca o governador.

Ações da Defesa Civil Estadual

A Defesa Civil de Minas Gerais vai realizar um seminário na próxima quarta-feira (5 de outubro) para preparar os agentes públicos do estado para os períodos de chuva forte. O superintendente de Gestão da Defesa Civil de Minas Gerais, Major Júnior Silviano, recomenda que os municípios façam um mapeamento das áreas de risco.

"A partir desse mapeamento, identificando os locais que são mais afetados por inundação, alagamento, [orientamos que] ele [município] faça um levantamento, um trabalho com a comunidade de conscientização. Muito mais importante que isso é que ele faça um plano de contingência. Esse plano define o que cada ator vai fazer se tiver um desastre", orienta.

Júnior Silviano disse que novas ferramentas vão auxiliar a identificação dessas áreas. Apesar de não informar um prazo exato, o major revela que o processo está adiantado. "Estamos trabalhando novas ferramentas para serem entregues para as defesas civis municipais, para que aqueles trabalhadores que atuam com proteção civil consigam demonstrar para a comunidade quais são suas áreas de risco. Estão em fase final de produção", afirma.

Período chuvoso 2022 / 2023

Minas Gerais registrou 22 mortes em decorrência das chuvas entre outubro de 2022 e março de 2023. Segundo dados da Defesa Civil Estadual, as mortes foram registradas em 15 cidades do estado. O município com mais vidas perdidas foi Antônio Dias, com cinco mortes registradas.

Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, e Caldas, registraram duas mortes cada. As outras 13 cidades tiveram um óbito cada uma. Ao todo, 289 municípios decretaram emergência no período.

Minas Gerais também registrou 12.923 pessoas desalojadas, que é quando uma pessoa tem que deixar a própria residência, mas consegue se abrigar na casa de amigos ou parentes. Já o número de desabrigados — pessoas que, após deixarem a própria residência, precisam de abrigos públicos — foi de 2.241.

Os dois dados registraram queda em relação ao período chuvoso anterior.  No período 2021/2022, foram 60.593 desalojados, com 9.538 desabrigados.