Operação

Suspeito de furtar quase R$ 1 milhão em condomínios de luxo de BH é preso em SP

De apenas um imóvel invadido na capital mineira, criminoso conseguiu levar quase R$ 800 mil em objetos

Por José Vítor Camilo
Publicado em 25 de abril de 2024 | 00:00
 
 
Operação recuperou, em março, materiais furtados e itens usados nos crimes na cidade de São Paulo Foto: POLÍCIA CIVIL / DIVULGAÇÃO

Foi preso na última terça-feira (23 de abril), em São Paulo, um homem de 22 anos que é suspeito de integrar uma quadrilha especializada em furto a condomínios de alto padrão. A organização teria atuado em Belo Horizonte no final de 2023 e, por isso, foi alvo de operação conjunta das polícias civis dos dois Estados. O criminoso é um dos dois homens identificados durante a operação Aclimação, realizada no final de março em São Paulo.

Segundo a Polícia Civil mineira, foi cumprido um mandado de prisão preventiva contra o suspeito. As investigações tiveram início após a denúncia de furtos que aconteceram no final do ano passado na região Centro-Sul da capital mineira. Na ocasião, foram roubados de vários imóveis itens avaliados em cerca de R$ 1 milhão.

"Segundo apontam as apurações, os suspeitos faziam uso de boas vestimentas para acessar os condomínios. Na época, policiais encontraram, na residência de um dos suspeitos, as roupas utilizadas em outras ações criminosas, além de chaves mixas e tags de acesso a portarias eletrônicas", apontou a instituição policial. 

Ainda conforme a Polícia Civil, as investigações apontaram que a quadrilha tinha atuação também em outros estados além de Minas, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Os levantamentos policiais continuam com o objetivo de capturar o segundo investigado e tentar, ainda, identificar outros membros da organização. 

Os crimes 

As investigações começaram no dia 3 de novembro de 2023, quando um casal de idosos denunciou ao Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri) um roubo ao apartamento deles, no bairro Sion, em BH. Segundo a Polícia Civil, nesse dia, a dupla levou cerca de R$ 800 mil em uma coleção de relógios e dinheiro em espécie (dólar, real e euro). 

Com o início das investigações, a Polícia Civil identificou outros dois crimes cometidos pela dupla na capital: um deles no dia 2 de dezembro, quando teriam levado de um apartamento no bairro Anchieta R$ 150 mil, entre joias, relógios e dinheiro em espécie. No dia 10 de novembro, conforme o inquérito, o alvo foi um apartamento no bairro de Lourdes, de onde foram levadas sete armas de fogo, além de joias.

Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que a dupla é da cidade de São Paulo (SP) e tem experiência em furtos a apartamentos de luxo.

"O mais novo (22 anos) se disfarça de visitante do condomínio. Eles chegam bem vestidos e simulam que estão na casa de alguém. Eles usam as tags de acesso ao condomínio e simulam que a tag deles não está abrindo e pedem para alguém abrir pra eles. Após acessar o condomínio, eles escolhem um imóvel vazio, arrombam a porta do imóvel e fazem o furto", detalha o chefe do Depatri, Felipe Freitas.

Atuação da quadrilha

Conforme a PCMG, os criminosos descobrem e escolhem os alvos usando dados vazados dos contribuintes, como do Imposto de Renda. Após selecionar os alvos, eles se aproveitam de momentos de vulnerabilidade do prédio, como eventos, festas, domingos e feriados, datas em que o fluxo de visitantes nos condomínios aumenta, facilitando a entrada despercebida.

No caso dessa dupla, o homem mais velho, de 38 anos, ficava no carro, do lado de fora, enquanto o mais jovem invadia os prédios. O suspeito, conforme a PCMG, é especialista em arrombar portas, inclusive tendo feito curso de chaveiro e material de mixa.

Conforme o delegado Gustavo Barletta, esse tipo de criminoso dificilmente age com violência física, pois preza pela discrição. "Eles não querem resistência e buscam casas vazias. Não entram em casas ocupadas. É raro esse tipo de criminoso portar arma de fogo. No máximo, uma faca", explica.

Por isso, o delegado aconselha moradores de condomínio e porteiros a redobrarem a atenção e a vigilância, para dificultar a ação dos criminosos. "Os moradores e funcionários dos prédios têm que ter consciência de que não é vergonha você abordar uma pessoa que você não conhece. Confirmar com os moradores se essa pessoa que está tentando entrar é autorizada ou não. E também fazer um cadastro de identidade, de autorização", recomenda.