TRABALHO ESCRAVO

Trabalhadores são enganados e passam fome em lavoura de Caratinga

Homens e adolescentes foram aliciados em Jenipapo; proprietário responsável pela fazenda pode responder criminalmente

Por CAROLINA CAETANO
Publicado em 29 de maio de 2014 | 09:45
 
 

Falta de comida, de cama, materiais de higiene e ambiente imundo. Foi nesse cenário que 16 trabalhadores, sendo alguns menores de idade, estavam em uma lavoura de café de Caratinga, no Vale do Rio Doce. As vítimas, que viviam em condições análogas a de escravos, foram libertadas nessa quarta-feira (28).    

De acordo com a chefe de fiscalização da Gerência Regional do Trabalho e Emprego em Governador Valadares, Marsy Ferreira, dois dos trabalhadores andaram mais de 30 quilômetros, chegaram no centro de Caratinga e conseguiram realizar a denúncia na agência do Ministério do Trabalho.

“Eles contaram que há 14 dias estão na cidade. Os trabalhadores moravam em Jenipapo e foram aliciados por agentes de mão de obra, conhecidos como “gatos”, que prometeram emprego para as vítimas. No entanto, quando chegaram na zona rural, os homens se depararam com uma situação difícil”, contou Marsy.

Um auditor-fiscal deslocou até a região e encontrou banheiros e instalações elétricas em condições precárias. Além disso, os trabalhadores dormiam em camas feitas de improviso com madeiras de eucalipto. No alojamento sujo, não foi encontrada alimentação.

“O fazendeiro responsável pela contratação não está em Caratinga, mas foi contatado. O advogado dele nos informou que os trabalhadores receberão os dias trabalhados e retornarão para Jenipapo. Por enquanto, eles estão hospedados em outro imóvel pago pelo empregador”, disse a chefe de fiscalização.

Ainda segundo Marsy, as investigações continuam e o fazendeiro pode responder criminalmente por trabalho escravo.

Alerta

A chefe de fiscalização alertou que trabalhadores que saem de suas cidades para trabalhar em outros lugares devem desconfiar de ofertas facilitadas. “Todo trabalhador deve sair de seu município com carteira assinada e exame admissional feito. Além de um contrato especificando todos os detalhes de moradia e pagamento”, finalizou.